Pela primeira vez o museu adapta seis obras-primas para que os invisuais possam ‘vê-las’ na exposição “Hoje toca o Prado”.
Através do tacto, os visitantes apreciarão as diferentes texturas e volumes que compõem as obras. Velàsquez, Goya, Da Vinci, El Greco, Van der Hamen e Correggio são os pintores escolhidos para esta exposição de acesso gratuito para cegos.
“Finalmente sei o que é um primeiro plano”, conta Ander Soriano segundo o testemunho de um invisual, depois de ‘tocar’ e ‘visualizar’ uma fotografia.
Soriano, director geral da empresa Estudios Durero e parte fundamental da materialização das obras para esta exposição (patente de 20 de Janeiro a 28 de Junho, no Museu do Prado, Madrid), aberta a todo o tipo de públicos (os mais novos desfrutam dela em especial), conta muitos anos a tornar possível que cegos possam desfrutar da arte. Das muitas histórias curiosas que guarda e que mais o emocionou, é aquela em que um homem lhe disse que finalmente sabia o que era um primeiro plano.
Soriano, director geral da empresa Estudios Durero e parte fundamental da materialização das obras para esta exposição (patente de 20 de Janeiro a 28 de Junho, no Museu do Prado, Madrid), aberta a todo o tipo de públicos (os mais novos desfrutam dela em especial), conta muitos anos a tornar possível que cegos possam desfrutar da arte. Das muitas histórias curiosas que guarda e que mais o emocionou, é aquela em que um homem lhe disse que finalmente sabia o que era um primeiro plano.
“Não somos pioneiros”, disse Fernando Pérez, o comissário da exposição que se concretizou graças ao Museu do Prado e à Fundação AXA, em colaboração com a ONCE - Organização Nacional de Cegos Espanhóis. É evidente o entusiasmo de Pérez com a mostra (e ainda mais é gratuita para os cegos e acompanhantes quando solicitado) e a vontade de fazer mais e mais.
O pioneiro foi o Museu de Belas-Artes de Bilbau, que realizou há cinco anos uma iniciativa como esta. Andre Soriano, parte também do projecto, conta em 20 minutos porque seleccionaram determinados quadros, neste caso, “Noli me tangere”, de Correggio; “La Gioconda “ de Leonardo da Vinci; “A forja de Vulcano” de Velàsquez; “O Cavaleiro com a mão no peito” de El Greco; “Natureza-morta com alcachofras, flores e recipientes de vidro” de Van der Hamen; e “O Guarda-sol” de Goya:
O pioneiro foi o Museu de Belas-Artes de Bilbau, que realizou há cinco anos uma iniciativa como esta. Andre Soriano, parte também do projecto, conta em 20 minutos porque seleccionaram determinados quadros, neste caso, “Noli me tangere”, de Correggio; “La Gioconda “ de Leonardo da Vinci; “A forja de Vulcano” de Velàsquez; “O Cavaleiro com a mão no peito” de El Greco; “Natureza-morta com alcachofras, flores e recipientes de vidro” de Van der Hamen; e “O Guarda-sol” de Goya:
“São mais acessíveis devido ao tamanho e aos detalhes. Se tem muitos detalhes é muito complexo conjugá-los com os volumes e os relevos, que é a forma como fazemos estas réplicas”. Há um tamanho ideal? “ Sim, com a ONCE definimos o formato que seria ideal para tocar e percorrer com as mãos: 1,80×1,20m.
Imaginem o Guernica, teriam que reduzi-lo e adaptá-lo, o que não é impossível, fiz o cálculo, seria de 0,80×3m”, responde Soriano, o que leva cinco anos desenvolvendo a técnica que possibilita que os cegos ‘vejam quadros’. “Faz-se estudando a imagem e definindo o volume com camadas e texturas relevadas. É uma técnica de impressão digital com acumulação de tintas”, explica o especialista.
“A acessibilidade não é só rampas” comenta Juan Torres, cego que percorre com as suas mãos as seis obras expostas no Prado e que participou activamente na elaboração dos audioguias que acompanham o visitante durante a visita. “Está muito bem conseguido, por exemplo aprecio as texturas das diferentes peles”, disse Torres. “ E é muito importante que a ideia da acessibilidade não se limite a colocarem rampas, que a cultura esteja presente, e este é um exemplo de como se pode fazê-lo. Porque não há-de haver cultura para nós? Não estamos habituados a ter nada disto, por vezes, podíamos tocar numa escultura, mas nada mais. É uma evolução enorme ter-se chegado aqui”. Relativamente às sensações que são proporcionadas, Torres responde: “Fazes um primeiro reconhecimento, e depois já te vais orientando. A sensação é muito agradável”.
Cristina Velasco, da equipa de Estudios Durero, explica as dificuldades que uma obra como o “Jardim das Delícias”, colocaria: “É quase inacessível, as figuras são muito pequenas, está cheia de detalhes e é enorme. Os retratos são mais fáceis”.
Cristina Velasco, da equipa de Estudios Durero, explica as dificuldades que uma obra como o “Jardim das Delícias”, colocaria: “É quase inacessível, as figuras são muito pequenas, está cheia de detalhes e é enorme. Os retratos são mais fáceis”.
Partilha da sua opinião, outro dos cegos da ONCE que está a visitar a exposição, José María Villenueva: “Os retratos são os mais fáceis de imaginar. Emociona-me muito “A Gioconda”, veio-me imediatamente à cabeça. Tenho 52 anos e sou cego desde 2008, já tinha visto a obra. Mas das cores não me recordo exactamente, é a única coisa de que não me lembro de toda a imagem que tenho da pintura”. Para José María seria, se pudesse escolher, Sorolla o que mais gostaria de poder ‘tocar’. “Adorava, mas claro, são muito complicados por terem muito detalhe. Entendo que uma paisagem impressionista é muito difícil”.
Destaca as virtudes do audioguia: “Primeiro conta a história do quadro e logo depois incentiva a tocá-lo”. Ander intervém, dada a importância do audioguia, para contar que quando se trata de surdos e cegos (no caso de Bilbau) levam acompanhantes que lhes guiam as mãos para tocarem as obras adequadamente.
“Alguém se preocupa connosco” Carlos Galindo, que perdeu totalmente a visão quando era muito pequeno, destaca a importância que tem para ele que alguém faça por eles, algo que não seja o básico. “ Emociona-me sentir que há alguém que se preocupa connosco. Pelas obras sinto mais curiosidade do que emoção” diz enquanto percorre as obras com as mãos, “e também uma certa surpresa”.
“Alguém se preocupa connosco” Carlos Galindo, que perdeu totalmente a visão quando era muito pequeno, destaca a importância que tem para ele que alguém faça por eles, algo que não seja o básico. “ Emociona-me sentir que há alguém que se preocupa connosco. Pelas obras sinto mais curiosidade do que emoção” diz enquanto percorre as obras com as mãos, “e também uma certa surpresa”.
Não imaginava estas obras antes? São como as imaginava? “Não as imaginava”, responde com sinceridade Galindo, “A pintura é uma arte para ser vista, e isto está muito bem, mas também sei o que estou a perder. As cores, por exemplo. Nunca as verei como alguém que vê. A música, ao contrário, posso desfrutá-la na sua plenitude”.
Desde há alguns meses a esta parte, director do Museu Tiflológico da ONCE, Miguel Moreno, também está presente e descreve com absoluta precisão enquanto toca com ambas as mãos “A forja de Vulcano”: “ A textura da pele é uma maravilha. E isto é uma barba cerrada…”. E acrescenta: “ ‘A Gioconda’ ou “O Cavaleiro com a mão no peito” são mais fáceis, este é mais complicado, mas agrada-me. Digo o que sinto: sobretudo uma grande curiosidade e logo depois surge um sentimento de emoção e surpresa”.
Fonte: http://www.20minutos.es/noticia/2350985/0/cuadros-para-ciegos/obras-maestras/museo-prado/
Fonte: http://www.20minutos.es/noticia/2350985/0/cuadros-para-ciegos/obras-maestras/museo-prado/
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