quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Chumbar um aluno custa 6000 euros, ensiná-lo a estudar só 87



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IMPLANTE NO CÉREBRO PÕE PESSOAS COM PARALISIA A COMUNICAR ATRAVÉS DE TABLETS

Um pequeno sensor colocado no cérebro de três voluntários tetraplégicos fez com que estes conseguissem mandar mensagens a familiares, pesquisassem músicas e fizessem compras online no tablet.

A tecnologia, denominada de BrainGate BCI, consegue descodificar «os sinais associados aos movimentos pretendidos produzidos no córtex motor do cérebro», adianta a Science Daily. Posteriormente, esses sinais são enviados para dispositivos externos – tal como já acontecia com pessoas que utilizam próteses robóticas.

«Há vários anos que a BrainGate trabalha para desenvolver o conhecimento entre a neurociência e a engenharia, para permitir que pessoas que perderam os seus movimentos consigam mexer o seu próprio braço ou mão através do pensamento», lembra Jaimie Handerson, um dos criadores desta tecnologia e professor da Universidade de Stanford.

«Neste estudo, aproveitámos esses avanços para que as pessoas consigam controlar dispositivos tecnológicos, tal como faziam antes da doença. Foi muito importante ver os participantes a interagir ou a encontrar uma música que desejavam ouvir», continuou o investigador.

Os doentes que experimentam esta tecnologia tiveram oportunidade de navegar em sites de música, pesquisaram vídeo no YouTube, procuraram notícias e escreveram e-mails e mensagens através de chats.

Os próprios investigadores ficaram surpreendidos com a rapidez com que os voluntários para esta investigação conseguiram navegar nos seus tablets. «Uma das participantes disse-nos no início que uma das coisas que gostava realmente era de tocar novamente. Vê-la a fazê-lo num teclado digital foi fantástico», disse outro dos autores da investigação, Paul Nuyujukian, ao Science Daily.


Veja aqui o vídeo que retrata a experiência:

Acomodações curriculares e diferenciação pedagógica

Decorrente da publicação do regime da educação inclusiva, pelo Decreto-Lei n.º 54/2018, de 6 de julho, tem sido recorrente a colocação de várias questões não clarificadas no normativo nem no manual de apoio. Estas questões poderão, aparentemente, ser consideradas menores na medida em que não devem, aprioristicamente, implicar com o assegurar das respostas educativas necessárias aos alunos. No entanto, por uma questão conceptual, considero que estas questões devem ser clarificadas e, eventualmente, retificadas.

A questão mais recente e recorrente centra-se na distinção entre a medida universal de acomodações curriculares e de diferenciação pedagógica. O Decreto-Lei n.º 54/2018 determina acomodações curriculares e diferenciação pedagógica como medidas universais, encontrando-se, deste modo, ao mesmo nível (cf. alíneas a) e b) do art.º 8.º).

De acordo com o Decreto-Lei n.º 54/2018, as acomodações curriculares assentam nas medidas de gestão curricular que permitem o acesso ao currículo e às atividades de aprendizagem na sala de aula através da diversificação e da combinação adequada de vários métodos e estratégias de ensino, da utilização de diferentes modalidades e instrumentos de avaliação, da adaptação de materiais e recursos educativos e da remoção de barreiras na organização do espaço e do equipamento, planeadas para responder aos diferentes estilos de aprendizagem de cada aluno, promovendo o sucesso educativo (cf. alínea a) do art.º 2.º).

Por outro lado, o Manual de Apoio à Prática (DGE, 2018) refere que a diferenciação pedagógica passa a ser entendida como um pressuposto estruturante de uma ação pedagógica que tem em conta todos os alunos na relação com as tarefas de aprendizagem, que poderão ser diferentes quanto às suas finalidades e aos seus conteúdos, quanto ao tempo e ao modo de as realizarem, quanto aos recursos, condições e apoios que são disponibilizados (DGE, 2018).

Genericamente, pode perspetivar-se a diferenciação pedagógica como correspondendo aos esforços do professor em responder à diversidade dos alunos (Silva, 2017) ou, de outro modo, na adequação do estilo de ensino aos estilos de aprendizagem (Tomlinson, 2008). Estamos, assim, no âmbito da ação pedagógica do docente, dos métodos pedagógicos, que visam proporcionar ao aluno o acesso ao currículo. Neste domínio, pode equiparar-se a diferenciação pedagógica ao desenho universal de aprendizagem (DUA) na medida em que ambos se assumem como opções metodológicas e a sua concretização depende da opção pedagógica do docente. Por outro lado, a aplicação da diferenciação pedagógica, à semelhança do DUA, pressupõe que o docente conheça, domine e seja capaz de concretizar estas opções metodológicas.

Por outro lado, o normativo determina que as medidas universais correspondem às respostas educativas que a escola tem disponíveis para todos os alunos (cf. n.º 1 do art.º 8.º). No entanto, a diferenciação pedagógica, a ser eventualmente considerada medida universal, depende da opção metodológica e da perspetiva e da competência do docente e não da escola.

A diferenciação pedagógica insere-se, deste modo, no âmbito da ação pedagógica e, como tal, está associada aos métodos e às estratégias de ensino, não sendo, na minha perspetiva, considerada uma medida educativa. Assim, conceptualmente, diferenciação pedagógica, enquanto método e estratégia de ensino, integra a medida universal das acomodações curriculares, tal como consagrado no normativo.


Bibliografia


DGE. (2018). Para uma Educação Inclusiva - Manual de Apoio à Prática. Lisboa: DGE.
Tomlinson, C. (2008). Diferenciação pedagógica e diversidade. Ensino de alunos em turmas com diferentes níveis de capacidades. Porto: Porto Editora.

Vieira, C. (2017). A diferenciação pedagógica como estratégia promotora do ensino aprendizagem do Português. Pelos Mares da Língua Portuguesa 3 (pp. 1259-1278). Aveiro: Universidade de Aveiro.

Os (im)perfeitos iguais

Reportagem Especial mostra quais as respostas que Portugal dá a quem tem deficiência e atinge os 18 anos (com vídeo).


Há instituições particulares de solidariedade social, há meses, à espera dos subsídios comunitários e estatais a quem têm direito. São organizações sem fins lucrativos que dão assistência a pessoas com deficiência e que tentam sobreviver aos atrasos nos pagamentos para a formação profissional.

Verba global de financiamento dos produtos de apoio durante o ano de 2018


O Despacho n.º 11974-A/2018, de 12 de dezembro, determina a verba global de EUR 14.900.000,00, afeta ao financiamento dos produtos de apoio, durante o ano de 2018, disponibilizada pelos Ministérios da Educação, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e da Saúde.

1 - É afeta ao financiamento dos produtos de apoio, durante o ano de 2018, a verba global de (euro) 14.900.000,00, disponibilizada pelos Ministérios da Educação, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e da Saúde.

2 - Para efeitos do presente despacho, são considerados produtos de apoio os produtos, dispositivos, equipamentos ou sistemas técnicos de produção especializada ou disponível no mercado destinados a prevenir, compensar, atenuar ou neutralizar limitações na atividade ou as restrições na participação das pessoas com deficiência.

3 - A verba referida no n.º 1 destina-se a financiar os produtos de apoio, nos seguintes termos:

a) A verba de (euro) 400.000,00, disponibilizada pelo Ministério da Educação, destina-se a financiar os produtos de apoio de acesso ao currículo, prescritos pelos Centros de Recursos de Tecnologias de Informação e Comunicação;

b) A verba de (euro) 7.500.000,00, disponibilizada pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, destina-se:

i) Até (euro) 4.800.000,00, a financiar produtos de apoio prescritos pelos centros de saúde e centros especializados designados pelo Instituto da Segurança Social, I. P.;

ii) Até (euro) 2.700.000,00, a financiar produtos de apoio indispensáveis à formação profissional e ao emprego, incluindo o acesso aos transportes, através dos centros de emprego ou centros de emprego e formação profissional do Instituto do Emprego e Formação Profissional, I. P.

c) A verba de (euro) 7.000.000,00, disponibilizada pelo Ministério da Saúde, destina-se a financiar os produtos de apoio prescritos às pessoas com deficiência nas unidades hospitalares designadas pela Direção-Geral da Saúde.
Publicada por João Adelino Santos à(s) quarta-feira, dezembro 12, 2018 Sem comentários: Hiperligações para esta mensagem  
Etiquetas: Acessibilidades, Inclusão
terça-feira, 11 de dezembro de 2018
Ir à escola para limitar a criatividade?
Era uma vez uma menina que estava numa aula de desenho. Tinha seis anos e estava ao fundo da sala, a desenhar. A professora foi ter com ela e perguntou:

— “O que estás a desenhar?”
A menina respondeu:
— “Estou a desenhar o retrato de Deus.”
A professora replicou:
— “Mas ninguém sabe como é Deus.”
Ao que a menina, prontamente, respondeu:
— “Quando eu acabar vão passar a saber!”

Esta pequena história foi contada por Sir Ken Robinson numa TED Talk sobre a importância da criatividade na educação e é exatamente esse o nosso mote para a conversa de hoje.

Já dizia Picasso que “todas as crianças nascem artistas. O problema é mantermo-nos artistas enquanto crescemos.” Todos nós já fomos crianças e todos nós já tivemos o mundo na ponta de um lápis de cor, mesmo que o resultado final tenha sido uma parede riscada, uma mãe zangada e um valente castigo. Fomos? E já não somos? Como raio isso aconteceu?

Façamos um pequeno exercício de memória: quem não se lembra de, nos tempos de escola, sentir as pernas a tremer por ser chamado a ir ao quadro resolver um simples problema de uma qualquer disciplina? Eu lembro-me, e bem. Por muito seguro que estivesse, a segurança nem sempre chegava para superar o receio de responder de forma errada.

Entre a correção do professor e os risos dos colegas de turma, quando errávamos voltávamos para o nosso lugar com um aperto na barriga e com vontade de nunca mais pôr o dedo no ar. Este estigma criado em torno do erro leva a que, ao longo dos anos, uma criança vá ficando com medo de errar e perca a boa ingenuidade que a leva a arriscar, mesmo quando não faz a mais pequena ideia.

Em vez de estimularmos o nosso potencial criativo, somos levados a deixá-lo cada vez mais de parte à medida que avançamos no percurso escolar. As crianças são naturalmente curiosas, curiosidade essa que despoleta a aprendizagem, que leva ao conhecimento. Em média, uma criança de 4 anos faz cerca de 100 perguntas por dia. É a famosa “idade dos porquês”. Isto acontece porque querem alimentar a sua insaciável curiosidade.

Mas muito rapidamente passamos de fazer 100 perguntas por dia para termos de nos preocupar em acertar no mesmo número de respostas.

Resultado? Damos por nós e deixamos de ver uma jibóia que engoliu um elefante, para vermos um simples chapéu.



Mas porque é que isto acontece, se a escola existe para nos dar conhecimento e abrir horizontes?

O sistema de ensino vigente surgiu para satisfazer as necessidades da industrialização e assenta na ideia de capacidade académica. As disciplinas mais úteis para o trabalho qualificado aparecem no topo da hierarquia e as artes (área necessariamente ligada à criatividade) são condenadas ao último lugar do pódio.

Isto leva a que, por vezes, sejamos afastados de coisas que gostamos e, mais do que simplesmente gostar, coisas essas nas quais talvez fossemos realmente bons.
“Não estudes isso, nunca vais arranjar um emprego”

Devia ter cerca de 14 ou 15 anos quando fui fazer os afamados testes psicotécnicos. No fim, o diagnóstico foi algo como: “O Pedro revela elevada aptidão e interesse pela área musical. No entanto, deve seguir uma licenciatura em Direito.”

[Acontece que segui, mas também acontece que a abandonei pouco tempo mais tarde (e, curiosamente, grande parte do que faço a nível profissional está ligado à música).]

É um sistema bastante assente na memorização de conceitos e ideias que nos são postos à frente, não estimulando, muitas vezes, o pensamento crítico ou a criatividade. Além do referido, o sistema foi construído para as massas, não atendendo a cada aluno como indivíduo. Não foi desenhado para que cada criança descubra o seu potencial único.

Como qualquer solução padronizada, este modelo obriga à regra e descarta a excepção. Acontece que todas as crianças são necessariamente diferentes da que seu senta ao seu lado.A educação deveria servir para abrir horizontes, não para os fechar.Somos educados para um futuro que, apesar de todas as previsões, é incerto. Assim, a educação é agora, talvez mais que nunca, um desafio.

Pedro Líbano Monteiro

Fonte: Observador

StorySign: a nova aplicação da Huawei traduz histórias infantis em língua gestual

A marca chinesa desenvolveu a app com a ajuda da inteligência artificial para ajudar crianças surdas a aprender a ler.


quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Dia Nacional da Língua Gestual

O primeiro (e único) dicionário de língua gestual portuguesa (LGP) passa a estar disponível para consulta online gratuita. 
A partir desta quinta-feira, 15 de Novembro, é possível pesquisar no site da Infopédia por cerca de 5300 palavras portuguesas e receber de volta a tradução para LGP. Hoje é o dia nacional! :)



Pessoas com deficiência querem ver aprovada redução da idade de reforma

fonte: Esquerda.net  



Enquanto decorre o debate orçamental, “é altura de se fazer justiça”, dizem os peticionários pela diminuição da idade da reforma de quem tenha 20 anos de trabalho, dos quais 15 com incapacidade igual ou superior a 60%.
A petição pode ser subscrita aqui:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT90914&fbclid=IwAR0tloTLAjItFFLUbx3-VDPfDd2JmvYk-4dG3ggcdnyiUIPcxfqRnznGH6g
Os promotores da petição, que conta com o apoio do deputado Jorge Falcato, defendem que se justifica, “tal como para algumas profissões consideradas de desgaste rápido, baixar a idade de reforma para todos aqueles que tiveram pelo menos 20 anos de trabalho, 15 dos quais correspondam a uma incapacidade igual ou superior a 60%”.
Os peticionários lembram que “as pessoas que vivem e envelhecem com uma deficiência de longo prazo têm uma elevada prevalência de condições de saúde secundárias”, a somar ao sobre esforço necessário a manter uma atividade profissional e à “precocidade no envelhecimento” na maior parte das deficiências.
“Temos direito a gozar a reforma sem que as nossas incapacidades estejam de tal modo agravadas que nos impeçam fruir com alguma qualidade de vida esse tempo de recompensa por uma vida de trabalho”, resume o texto da petição, recordando que “já por duas vezes foram recusadas propostas para a diminuição da idade de reforma para as pessoas com deficiência” no parlamento.
“Pensamos que é altura de se fazer justiça”, concluem os peticionários, apelando a que os partidos “apresentem propostas neste sentido ou aprovem as propostas que forem apresentadas”.

Esta proposta vai ser apresentada a quando da discussão do Orçamento de Estado na especialidade. Caso não seja aprovada e havendo as 4000 assinaturas será discutida novamente em plenário, obrigatoriamente. Por isso será sempre importante ter muitas assinaturas. Quer para a discussão em sede de orçamento, quer depois.

Ryanair impede cego de viajar por estar acompanhado pelo seu cão-guia


Samuel Natário de 32 anos perdeu a visão há seis anos por causa de um quisto que lhe apareceu no cérebro. Aprendeu a viver com quatro sentidos: trabalha na Volkswagen Autoeuropa, está a tirar um curso de Serviço Social no ISCTE e faz tudo em casa. É independente desde que acompanhado por Yolo, o seu cão-guia que foi treinado nos Estados Unidos. Sem ele perde a autonomia, mas mesmo assim, no mês passado, foi proibido de viajar para Londres por estar acompanhado pelo seu companheiro de quatro patas.


A viagem Lisboa-Londres estava marcada para as seis horas de 17 de outubro. Avisou a Ryanair atempadamente sobre a sua condição e entregou todos os documentos previstos pela companhia aérea para permitir o embarque de cães-guia nos aviões, como costuma fazer nesta circunstância. Mas chegada a altura do embarque, os funcionários da empresa não estavam informados sobre a presença de Yolo e não permitiram que Samuel utilizasse o seu bilhete de avião.


"Perdi o investimento que fiz na viagem e não cumpri o objetivo da mesma. Porquê? Pela falta de informação e profissionalismo dos colaboradores da Ryanair", explicou (...) por e-mail Samuel Natário.


Fonte: DN

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

NOESIS outubro 2018



Nota de Abertura Educação Inclusiva: foco nas políticas, nas escolas e nas práticas

O Ministério da Educação aposta numa escola inclusiva onde todos e cada um dos alunos, independentemente da sua situação pessoal e social, encontram caminhos que lhes possibilitam o desenvolvimento de níveis de educação e de formação promotores da sua plena inclusão social. Esta prioridade política vem concretizar o direito das crianças e dos jovens a acederem a uma educação inclusiva e de qualidade, que leve mais longe as suas potencialidades e expectativas no âmbito de projetos educativos das comunidades, facilitadores da participação e do sentido de pertença em efetivas condições de equidade, contribuindo assim, decisivamente, para maiores níveis de inserção e coesão social. Os Decretos-Leis n.º 54/2018 e n.º 55/2018, ambos de 6 de julho, afirmam que no centro da atividade da escola estão as aprendizagens dos alunos. Aprendizagens, essas, que têm como referencial o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória e que se materializam no desenvolvimento de Valores e de Áreas de Competência que contêm em si a articulação complexa de conhecimentos, capacidades e atitudes. O Perfil dos Alunos estabelece uma visão de escola, constituindo-se para a sociedade em geral como um guia que enuncia os princípios fundamentais em que assenta uma educação que se quer inclusiva. Neste pressuposto, e tomando o DL 54/2018 e a sua implementação como objeto desta NOESIS temática INCLUSÃO, consideramos como eixo central de orientação para a educação, a necessidade de cada escola reconhecer a mais-valia da diversidade dos seus alunos. Neste sentido, torna-se fator essencial a diversificação de estratégias que integrem essa diferença, adequando os processos de ensino às características e condições individuais de cada aluno, mobilizando os meios disponíveis, para que todos participem na vida das comunidades educativas onde estão inseridos. Isto implica uma aposta decisiva na autonomia das escolas, nomeadamente no que se refere às questões do desenvolvimento curricular, numa lógica de trabalho colaborativo e onde a diversidade tem um papel decisivo. Trabalhar a Inclusão é um processo complexo que carece de uma articulação entre equipas locais das escolas e equipas centrais e regionais do Ministério da Educação. Para dar resposta a esta necessidade, foi criada, pelo Despacho n.º 9726/2018, uma eq coordenação nacional, coadjuvada por uma equipa técnica e por equipas regionais. Estas equipas assumem como missão acompanhar, monitorizar e avaliar a aplicação do Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho, bem como do Decreto-Lei n.º 54/2018, de 6 de julho. Todo este trabalho estrutura-se também numa aposta em medidas de formação e de capacitação de todos os elementos das Comunidades Educativas. A esse nível, a DGE tem vindo a desenvolver formação no âmbito da aplicação do DL 54/2018, de 6 de julho, referindo-se a título de exemplo: 1. Seminários de Discussão Pública que envolveram quase 3 mil participantes; 2. Ações orientadas pela DGE, entre outubro de 2017 e julho de 2018, dirigidas a professores, psicólogos, técnicos e pais/encarregados de educação, em parceria com Agrupamentos de Escolas e Escolas não Agrupadas, Centros de Formação de Associação de Escolas, Universidades, Associações Profissionais, entre outras, num total de quase 6 mil envolvidos; 3. Ações orientadas pela DGE, entre setembro de 2018 e outubro de 2018, dirigidas a professores, psicólogos, técnicos, pais/encarregados de educação, que envolveram mais de 4 mil participantes, por todo o país; 4. Seminários orientados pela DGE e pela DGEstE entre outubro de 2017 e julho de 2018, dirigidos a diretores de Agrupamentos de Escola e Escolas não Agrupadas de escolas da rede pública e privada (Almada, Évora, Coimbra e Porto – cerca de 1270 participantes); 5. Curso de Formação de Formadores promovido pela DGE em que se acreditaram 150 formadores (formadores/as indicados pelos CFAE que vão replicar a formação até ao final de julho de 2019); 6. Ações de Formação dirigidas a 300 psicólogos escolares; 7. Seminários orientados pela DGE dirigidos a diretores e professores de educação especial da Região Autónoma da Madeira. Com estas iniciativas o Ministério da Educação assume um trabalho de proximidade às Comunidades Educativas que inclui a formação dos elementos dessas Comunidades em parceria com outros intervenientes da Sociedade Civil, com papel determinante na responsabilidade da formação de todos os nossos alunos. Prevê-se, ainda, o alargamento desta formação e capacitação ao longo do presente e próximos anos letivos em paralelo à divulgação de boas práticas, algumas apresentadas neste número temático da NOESIS, outras nos espaços online: https://webinars.dge.mec.pt/ http://afc.dge.mec.pt/pt http://www.dge.mec.pt/educacao-inclusiva O trabalho em curso visa apoiar a implementação e desenvolvimento da autonomia e flexibilidade curricular em cada escola, respeitando a sua identidade e opções, de forma a promover aprendizagens relevantes e significativas para todos. Trata-se da operacionalização dos princípios, visão e áreas de competências definidas no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória e da construção de uma identidade de escola inclusiva. José Vítor Pedroso, Diretor-Geral da Educação Eulália Alexandre, Subdiretora-Geral da Educação Maria João Horta, Subdiretora-Geral da Educação

http://www.dge.mec.pt/sites/default/files/boletim/boletim_dge_n30_edicao_tematica_educacao_inclusiva_novembro2018.html

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Uma retina de grafeno para devolver a vista a 230 milhões de pessoas

fonte: Expresso 


Retina de grafeno
Retina artificial de grafeno
Projetos como o THEIA são necessários precisamente para atenuar o sofrimento que a perda de um sentido pode provocar. Este projeto consiste num implante de grafeno que está a ser desenvolvido pelos investigadores do BIST e que será colocado em contacto com a retina para estimular os neurónios ganglionares através de uma série de elétrodos.
De acordo com a mitologia grega, Theia (ou Tea) fazia parte da poderosa raça dos Titãs, que precedeu e gerou os próprios deuses do Olimpo. Era filha de Gaia (a terra) e Urano (o céu) e foi mãe de Hélios (o sol), Eos (a aurora) e Selene (a lua), pelo que os gregos a consideravam uma deusa de luz, responsável por dar brilho às pedras e metais preciosos, bem como à sua própria descendência. Deusa da visão, Theia podia apertar a venda que cobre os olhos dos humanos para lhes permitir ver a realidade tal como é, uma capacidade (devolver a visão aos cegos) que partilha com o moderno implante que está a ser desenvolvido no projeto com o seu nome, impulsionado pelo Barcelona Institute of Science and Technology (BIST). Gabriel Silberman, diretor geral do BIST, explica a importância deste projeto em que está a colocar todos os seus esforços. “A visão é algo muito importante para quase tudo, desde o desenvolvimento intelectual até às oportunidades económicas. Se não vês bem, tens um problema muito grave”.

A complexidade do projeto THEIA encaixa nas aspirações das instituições que o impulsionam, já que o BIST é uma iniciativa dos sete maiores centros de investigação da Catalunha (Centre for Genomic Regulation, Institute for Bioengineering of Catalonia, The Institute of Photonic Sciences, Institute of Chemical Research of Catalonia, The Catalan Institute of Nanoscience and Nanotechonology, Institute for High Energy Physics e Institute for Resarch in Biomedicine) cujo objetivo é colaborar na construção de um projeto científico conjunto. Graças ao ponto de vista multidisciplinar que permite a interação de centros dedicados a campos da investigação tão diversos, é possível enfrentar projetos tão ambiciosos como o THEIA, com o qual pretendem devolver a visão a 230 milhões de pessoas em todo o mundo.

O THEIA combina as capacidades de três centros BIST, o Instituto Catalán de Nanociencia y Nanotecnología (ICN2), que coordena o projeto e onde está a ser elaborado o dispositivo, o Instituto de Ciencias Fotónicas (ICFO) e o Instituto de Física de Altas Energías (IFAE), com a contribuição da visão clínica pelo Centro Oftalmológico Barraquer.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicados em 2017, existem 253 milhões de pessoas com incapacidade visual no planeta, 36 das quais são completamente invisuais. Apesar de a OMS assegurar que 80% dos casos poderiam ser evitados ou curados, o número de pessoas invisuais poderá continuar a aumentar até alcançar 115 milhões em 2050. Assim, torna-se urgente e necessário tomar medidas. Neste contexto, a proposta do projeto THEIA é uma das mais interessantes e revolucionárias. O implante de grafeno que está a ser desenvolvido pelos investigadores do BIST será colocado em contacto com a retina para estimular os neurónios ganglionares (responsáveis por levar os impulsos ao cérebro), através de uma série de elétrodos. Atualmente, os investigadores estão a testar as próteses de vidro para assegurar que funcionam corretamente mas, muito em breve, começarão a testá-las em porcos anões, pois os seus olhos são muito semelhantes fisiologicamente ao olho humano.

Apesar de as investigações apresentarem resultados encorajadores, é provável que, dentro de 10 ou 15 anos, este dispositivo não possa ainda ser distribuído comercialmente, mas o seu potencial é avultado, pois o envelhecimento da população nos países ocidentais está a provocar o aumento da degeneração ocular. Projetos como o THEIA são necessários precisamente para atenuar o sofrimento que a perda de um sentido pode provocar. Sem dúvida, esta é uma das grandes missões da ciência, porque, como assegurava o próprio Silberman numa conferência: “Temos a obrigação de dar aos nossos cientistas as ferramentas necessárias para que possam mudar o mundo”. Para melhor, obviamente…

https://youtu.be/5B0urLa7GOc  

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

A Criança com Multideficiência: o impacto da deficiência visual


-VI Jornadas de Deficiência Visual & Intervenção Precoce-


10 NOVEMBRO 2018 | Auditório do Hospital Pediátrico de COIMBRA (CHUC)
09:00 | SESSÃO DE ABERTURA
Maria José Baldaia | Vice-Presidente da ANIP
Guiomar Oliveira | Diretora do Hospital Pediátrico de Coimbra (CHUC) *
Joaquim Murta | Diretor do Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) *
Patrícia Valério | Assistente Social do CAIPDV (ANIP)

09:30 | PAINEL I - Défice Visual Cerebral (DVC): perspetivas na contemporaneidade
Moderadora: MADALENA MONTEIRO - Oftalmologista Pediátrica | Hospital Pediátrico de Coimbra
09:30 | O crescente número de casos de crianças com défice visual cerebral: Principais causas
- Ana Cláudia Fonseca, Neuroftalmologista | Grupo Português de Neuroftalmologia
10:00 | A avaliação de crianças com multideficiência, investigação e introdução a Escalas de Avaliação da Visão CVI-PIMD, um instrumento de
observação multidisciplinar [em língua inglesa]
- Marieke Steendam, Terapeuta Ocupacional Pediátrica | Royal Dutch Visio
- Marjolein Wallroth, Psicóloga Infantil | Royal Dutch Visio [ Holanda ]
11:00 | Avaliação multidisciplinar de casos com défice visual cerebral: Constrangimentos e desafios
- Catarina Paiva, Oftalmologista Pediátrica | Consulta de Baixa Visão do Hospital Pediátrico de Coimbra
11:30 | Coffee break

12:00 | PAINEL II - Participação e Aprendizagem de Crianças com DVC
Moderadora: Miriam Azevedo – Engenheira Biotécnica | ANDITEC
12:00 | A comunicação na criança com multideficiência: O impacto da visão
- Isabel Amaral | Escola Superior de Saúde - Instituto Politécnico de Setúbal
12:30 | Construir práticas pedagógicas inclusivas: Desenho universal para a aprendizagem
- Clarisse Nunes | Escola Superior de Educação de Lisboa
13:00 | Pausa para ALMOÇO

14:30 | PAINEL II (cont) - Participação e Aprendizagem de Crianças com DVC
14:30 | Intervenção em crianças com multideficiência: uma abordagem tridimensional:
psico-educativa, intervenção direta através de “diagnostic teching” e utilização
de estratégias compensatórias [em língua inglesa]
- Marieke Steendam, Terapeuta Ocupacional Pediátrica | Royal Dutch Visio
- Marjolein Wallroth, Psicóloga Infantil | Royal Dutch Visio [ Holanda ]
15:30 | Recursos de apoio à criança com multideficiência e défice visual cerebral
- Rui Teles | Escola Superior de Educação do Porto
16:00 | Coffee break

16:15 | PAINEL III - Défice Visual Cerebral e comunidade
Moderador: Paulo Martins – Pai de uma criança com DVC
16:15 | Intervenção Precoce e défice visual cerebral
- CAIPDV – Centro de Apoio à Intervenção Precoce na Deficiência Visual
16:45 | Família e Intervenção Precoce: Promover competências visuais no contexto natural
- Família, Equipa Local de Intervenção e Jardim de Infância
17:15 | Crianças com multideficiência: O desafio da inclusão
- David Rodrigues | Pró Inclusão

17:45 | ENCERRAMENTO
Leonor Carvalho | Diretora de Serviços da ANIP
Viviana Ferreira | Diretora Técnica do CAIPDV

(*) [a aguardar confirmação]
INSCRIÇÕES & INFORMAÇÕES: formacao@anip.net

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Music Adaptations For Students who are Blind or Visually Impaired


Blind Man with Yellow Piano in Analog Time - Charles Riley (2017)
image: Blind Man with Yellow Piano in Analog Time - Charles Riley (2017)

Music class is a preferred activity for many students who are blind and visually impaired, but it shouldn't be assumed that all students that are blind will be musicians or be uniquely gifted in this area. Like other areas of the curriculum, adaptations may be necessary to allow the student who is blind or visually impaired to fully participate.
Many aspects of the music program will be the same for students who are sighted and students who are blind or visually impaired. There are some strategies that will help students access the curriculum.
Students should be exposed to a variety of musical instruments from a young age. Show students the different ways that music can be produced. Listening to the differences in sounds will help the student develop auditory discrimination skills. Expose the student to a variety of types of music (ex. concerts, CD's, YouTube videos, etc.) to help develop music appreciation.
The Teacher of Students with Visual Impairments (TVI) and the general education music teacher should collaborate, at a very minimum at the beginning of the school year, to review activities and lessons that will be taught throughout the year. If the student will need to read music, it may be necessary to provide enlarged music scores or instruct a student who is blind in the braille music code if the student is a braille reader. Even if the student is using the braille music code, they should be familiarized with print symbols that are used (using tactual graphics) so they can understand terms and descriptions used by their sighted peers. Also, it may be necessary to determine if there is a need for non-visual prompts during conducting.
To help a student practice their scales or other music at home, YouTube videos can be a great resource. Collaborate with the music instructor to ensure that the correct version of the song or the correct scale is available. Copy and send the link home to the family to allow the student to listen and practice at home.
 

Picture of a sheet of music paired with braille 

Braille Music Code
 

 
Dots 1 4
 
Dots 1 5
 
Dots  1 2 4
 
Dots  1 2 4 5
 
Dots  1 2 5
 
Dots 2 4
 
Dots 2 4 5
 
doremifasollati
CDEFGAB

Braille music is a form of the six dot braille code used in literary braille. The code includes all the information presented on a standard sheet of a music score including notes and their values, dynamic, expression marks, and fingering. Braille music score is presented in a linear form. In teaching a piano score, the score for the one hand is presented followed by the score for the other hand. Once the student has learned each score, they then play with both hands together. For this reason, it will take longer for a student to learn printed music scores than sighted students. Students must learn to memorize music in order to perform it as sight reading music is not possible with the braille music code as the student will need to read the score tactually instead of visually.

Additional Resources
The music braille code
The music braille code is used internationally. Copies of the music code are available for purchase in hardcopy print and braille from the APH or can be downloaded from BANA.

Braille Music Code manual
BRL.org offers a very detailed braille music code manual.

Dancing Dots
 offers technology, educational resources and training to assist blind and low vision individuals to read, write, and record their music. Their products and services foster inclusion, literacy and independence for visually impaired musicians and audio producers engaged in educational, leisure, and professional pursuits.

How to read braille music book
'How to Read Braille Music' by Bettye Krolick provides the basics in clear terms with an emphasis on accessibility. The examples are short, fun and to the point. The book identifies music symbols frequently encountered in elementary to intermediate music with an index for identifying new symbols as they are found. View the pages for free on the internet archive!

Opus Technologies

Opus Technologies offers software, print, and braille materials for learning and using braille, especially braille music. Products include books and software for music braille, and popular braille sheet music.

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Orçamento da Educação cresce 4% e aposta na redução de alunos por turma
“A despesa total consolidada no programa orçamental Ensino Básico e Secundário e Administração Escolar ascende, em 2019, 6421,3 milhões de euros, o que compara com o montante de 6173,1 milhões de euros de 2018, representando um crescimento de 4% face ao orçamento de 2018, justificado sobretudo pelo aumento das despesas com pessoal, que crescem 4,5% e das outras despesas correntes de funcionamento, em 4,4%” lê-se no relatório divulgado na segunda-feira, dia em que o OE2019 foi entregue no parlamento.

O relatório indica ainda que “no decurso da execução orçamental de 2019, acrescerá um reforço significativo ao programa proveniente da dotação específica para efeitos de descongelamento de carreiras”.

Ainda sobre professores, o relatório refere “um reforço da capacitação dos profissionais da educação” e que “será dado especial enfoque à formação contínua, prevendo-se que, no ano letivo 2018/2019, 35 mil docentes e agentes educativos frequentem ações de formação”.

“Também no mesmo período, e no âmbito do Plano de Formação de Pessoal Não Docente, serão promovidas ações de formação”, acrescenta o documento.

De acordo com os dados do documento, as transferências do Estado para o ensino particular e cooperativo decrescem 11,1%, dos 206,5 milhões de euros para os 183,6 milhões de euros.

Quanto ao ensino pré-escolar terá um orçamento reforçado em 2,2% dos 551,7 milhões de euros para os 563,9 milhões de euros.

No âmbito do pré-escolar, e recordando a meta de universalização de acesso definida no programa de Governo, o relatório refere que “dar-se-á continuidade ao investimento na formação de docentes no âmbito das Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar (OCEPE) garantindo, por um lado, a articulação e a qualidade na transição entre a creche e o jardim de Infância e, por outro, prevendo-se a articulação com as ações desenvolvidas para o 1.º ciclo do ensino básico”.

“No subsector dos serviços e fundos autónomos (SFA), incluindo as Entidades Públicas Reclassificadas (EPR), a despesa total consolidada ascende, em 2019, a 624,5 milhões de euros. A despesa dos SFA é suportada por receitas gerais em 289,9 milhões de euros e, ainda, por receitas próprias e fundos europeus que financiam 213,5 milhões de euros das despesas a realizar, sendo de destacar a atividade da Parque Escolar, E.P.E., no âmbito das intervenções de modernização, requalificação e construção de escolas, do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ, I.P.) e do Instituto de Gestão Financeira da Educação (IGeFE,I.P.)”, lê-se no relatório do OE2019.

Sobre requalificação de escolas a cargo da Parque Escolar, a proposta de lei do Orçamento do Estado, também divulgada na segunda-feira, indica que fica autorizada a transferência de verbas, até ao montante de cinco milhões de euros do IGeFE, I.P., para a Parque Escolar, E. P.E., para financiamento de requalificação e construção de três escolas do concelho de Lisboa, e que dizem concretamente respeito à requalificação do Liceu Camões e da Escola de Música do Conservatório Nacional e à construção da nova escola do Parque das Nações.

Ainda sobre a Parque Escolar, o relatório do OE 2019 adianta que a previsão de investimentos a concretizar em 2019 pela empresa criada para requalificar e manter os estabelecimentos escolares é de 61,9 milhões de euros, afetos a aquisição de bens de capital.

O relatório aponta ainda o ensino profissional como “uma aposta estratégica do Governo”, assim como “um alargamento da aposta na educação e formação de adultos”.

Redução de alunos por turma alargada a mais anos de escolaridade em 2019-2020

“Reconhecendo-se as mais-valias para as condições de ensino e a qualidade das aprendizagens, prosseguirá o investimento na redução do número de alunos por turma, abrangendo, em 2018/2019, os anos iniciais de cada um dos ciclos do ensino básico e, em 2019/2020, os 1.º, 2.º, 5º, 6º, 7.º e 8.º anos de escolaridade, beneficiando várias centenas de milhares de alunos e respeitando princípios de progressividade e continuidade pedagógica”, lê-se no documento.

Desde o início do presente ano letivo (2018-2019) que as turmas voltaram a ter os limites anteriores ao mandato de Nuno Crato, que determinou um aumento do número de alunos por turma no ensino básico.

As turmas do 1.º ciclo voltam a ter 24 alunos e as de 2.º e 3.º ciclos entre 24 e 28 alunos.

A medida de redução de alunos por turma foi primeiro implementada nas escolas consideradas Territórios de Intervenção Educativa Prioritária (TEIP) em 2017-2018, em todos os ciclos de ensino e depois alargada a todo o ensino básico, nos primeiros anos de cada ciclo.

Gratuitidade de manuais escolares até ao 12.º ano abrange licenças digitais

“Em 2019, manter-se-á, igualmente, a medida de gratuitidade dos manuais escolares, sendo esta alargada a toda a escolaridade obrigatória e para todos os alunos da rede pública. Com esta medida de gratuitidade, iniciada em 2016 expandida gradualmente, concretiza-se uma obrigação constitucional de garantir o acesso de todos os alunos ao ensino público e gratuito. Acresce que, com vista ao fomento, desenvolvimento e generalização da desmaterialização dos diversos recursos educativos, serão atribuídas licenças digitais a todos os alunos do ensino público abrangidos pelas medidas de gratuitidade”, lê-se no relatório do OE2019.

Em relação aos manuais escolares, cuja extensão da gratuitidade até ao 12.º ano foi anunciada pelo PCP, em acordo com o Governo, no âmbito das negociações para o OE2019, a proposta de lei refere ainda que “o membro do Governo responsável pela área da educação define os procedimentos e condições de disponibilização gratuita, uso, devolução e reutilização dos manuais escolares, podendo os mesmos ser reutilizados na mesma escola ou em qualquer outra escola ou agrupamento que o tenha adotado”.

Determina-se, assim, que “os alunos do 1.º, 2.º e 3.º ciclos do ensino básico devolvem os manuais no fim do ano letivo, à exceção das disciplinas sujeitas a prova final de ciclo do 9.º ano” e que “os alunos do ensino secundário mantêm em sua posse os manuais das disciplinas relativamente às quais pretendam realizar exame nacional, até ao fim do ano de realização do mesmo”.

A extensão da gratuitidade dos manuais escolares até ao 12.º ano de escolaridade foi anunciada na passada semana pelo PCP, com o líder parlamentar comunista, João Oliveira, a congratular-se com o acordo alcançado, embora "esteja ainda por operacionalizar a forma como a medida vai ser implementada no terreno", a partir do ano letivo de 2019/20, ou seja, até setembro do próximo ano.

Até agora, os livros gratuitos abrangiam somente os 1.º e 2.º ciclos, ou seja, o ensino básico, alargando-se agora aos 7.º, 8.º, 9.º, 10.º, 11.º e 12.º anos de escolaridade. Segundo estimativas do PCP, os custos da medida anunciada ascendem a "pouco mais de 100 milhões de euros".

A proposta de OE2019 foi entregue na segunda-feira no parlamento, já perto da meia-noite, pelo ministro das Finanças, Mário Centeno.

Na proposta de OE2019, o Governo estima um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,2% no próximo ano, uma taxa de desemprego de 6,3% e uma redução da dívida pública para 118,5% do PIB.

No documento, o executivo mantém a estimativa de défice orçamental de 0,2% do PIB no próximo ano e de 0,7% do PIB este ano.

Fonte: Educare 
Metro do Porto inaugurou o primeiro tradutor de língua gestual
As regras são claras, a criação de estruturas e sistemas que facilitem a vida aos utilizadores com necessidades especiais é uma obrigatoriedade. Muitas vezes estas infraestruturas são “adiadas”, mas não deixam de ser obrigatórias. Além disso, há a obrigatoriedade moral.

Nesse sentido, a partir de hoje, o Metro do Porto tem instalado na Estação dos Aliados, um tradutor de língua gestual. Um ecrã gigante, interativo, em seis idiomas e que tem como objetivo apoiar os utentes surdos.


Segundo as informações veiculadas (...), o projeto é da responsabilidade do ISEP e funciona com um sistema simples de perguntas, que são respondidas por um avatar (boneco).

O tradutor de língua gestual tem suporte para seis idiomas: português, cipriota, grego, alemão, esloveno e inglês. Este pode ser usado na estação do metro dos Aliados, em plena baixa do Porto.

"Temos um conjunto de perguntas, as pessoas podem ir selecionando uma pergunta, ver o avatar a representar aquela pergunta em língua gestual do país que está selecionado, e depois tem também a possibilidade de ver a resposta."

Referiu Nuno Escudeiro, professor do Instituto Superior de Engenharia do Porto e um dos responsáveis pelo projeto.

Foi também explicado que o ecrã está dividido em várias categorias: andante, viagem, validação, zonas e passes mensais. Só é preciso clicar na pergunta e o avatar responde.

"Por exemplo, o que é o andante, como posso adquirir o andante, o que acontece se alguém me roubar o cartão. Perguntas que são as mais frequentes compiladas pelo Metro do Porto."

Paula Escudeiro, professora do ISEP e coordenadora do tradutor de texto escrito para língua gestual, explica que este projeto é financiado pela União Europeia através do Programa Erasmus+ e as traduções respeitam a semântica de cada um dos países parceiros deste projeto.

"Esta tradução não é direta do português escrito para língua gestual, sabemos que esta é uma língua natural, com características próprias. A nossa preocupação foi fazer uma tradução o mais rigorosa possível daquilo que são as regras gramáticas da própria língua gestual de cada país."

O tradutor de língua gestual está instalado no piso -2 da estação do metro dos Aliados, até ao final do ano. Este é ainda um projeto-piloto, que vai estar disponível durante três meses. O objetivo é replicar a ideia não só para os transportes públicos, mas também para serviços públicos, escolas e autarquias.

Tendo em conta que o país, em geral, e o Porto especificamente está a receber cada vez mais turistas e estudantes, ter este tipo de estruturas promove a cultura portuguesa de abrangência e salutar convivência, permitindo a quem tem determinadas limitações as possa colmatar com tecnologia simples e acessível. Basta haver vontade e boas ideias como esta.

Fonte: Sapo

Festival Read On chega a Portugal e põe os jovens a ler

Durante três dias, de 19 a 21 de outubro, jovens acolhem outros jovens e põem-nos em contacto com escritores, ilustradores, músicos, autores de BD, profissionais de rádio e contadores de histórias. Sempre com as palavras e os livros em fundo. Estão programadas múltiplas actividades para conquistar para a leitura um grupo etário que dela tende a afastar-se — dos 12 aos 19 anos.


“É um festival feito por jovens e para jovens e que pretende explorar e valorizar a palavra escrita, falada, cantada, dançada”, diz Graça Carvalha, directora do Agrupamento de Escolas Carlos Gargaté, da Charneca de Caparica, e que integra a equipa coordenadora do projecto internacional de leitura Read On (Reading for Enjoyment, Achievement and Development of Young People), que junta sete parceiros europeus.


O encontro no Solar dos Zagallos (Sobreda) é gratuito, começa nesta sexta-feira às 10h, com a apresentação do livro Água Doce, Fluir com o Rio, e encerra no domingo, às 21h, com o concerto do grupo de rock Tontos. Pelo meio, haverá workshops de ilustração, desenho, escrita criativa, música e BD, gaming e multimédia, formação ambiental e clubes de leitura. 


“Os miúdos no 1.º ciclo leem bastante, leem muito em casa com os pais; no 2.º ciclo, vão lendo um bocadinho menos e, depois, chega ali uma fase da adolescência em que deixam de ler”, explica João Paulo Proença, coordenador interconcelhio para as bibliotecas escolares dos concelhos de Almada e do Seixal e que participa na organização do festival.


Conta ainda: “Os professores perguntam-se como é que podem pôr os alunos jovens a ler. E foi assim que sete parceiros de seis países resolveram fazer um projeto europeu na área da leitura. Cinco desses países fazem há vários anos festivais de literatura: Itália, Espanha, Noruega, Inglaterra e Irlanda. Os outros dois parceiros são uma escola secundária na Noruega e a Escola Básica Carlos Gargaté, que promovem outras atividades durante todo o ano.”


O professor bibliotecário sente e observa diariamente esse afastamento dos adolescentes da biblioteca. “Nessas idades, a leitura torna-se quase uma obrigação. Os professores de língua, sobretudo, indicam os livros mas não apoiam muito a leitura, que é o que as bibliotecas procuram fazer, proporcionando uma oferta diversificada que apele ao gosto pela leitura e pelos livros.”


Dez minutos de leitura por dia


Graça Carvalha, professora de Físico-Química, espera que o festival “perdure no tempo e atraia muitos jovens de Almada, mas também da área metropolitana de Lisboa”. Entre as iniciativas que fazem parte do projeto que acolheu no seu agrupamento desde o ano letivo passado, destaca a que introduziu a prática de os cerca de mil alunos – do pré-escolar ao 9.º ano de escolaridade – lerem dez minutos por dia durante as aulas.


“Fiz as contas e é o equivalente a ter uma disciplina anual de 50 minutos”, explica a diretora. A leitura faz-se em qualquer disciplina, roda os três turnos da manhã e da tarde e cada aluno escolhe o que lê e o suporte em que lê. Podem trazer livros de casa, requisitar na biblioteca ou recorrer à cabine telefónica desativada que foi transformada em depósito de livros, jornais e revistas.


“Houve alguma resistência sobretudo da parte dos professores de Matemática e de Educação Física. Sentiam que estavam a perder tempo, mas rapidamente perceberam que não era assim”, conta Graça Carvalha e acrescenta: “Os miúdos aderiram de tal maneira que, se um professor se esquece de que é na sua aula que está destinada a leitura, eles lembram-lhe.”


A professora conta ainda que, nas “turmas com tendência para comportamentos desviantes, este momento inicial de leitura ajuda a que os alunos se acalmem”, tornando mais fácil ao professor seguir depois com a lição. Sabe que há alguns alunos “que fingem que leem”, mas a maioria “lê mesmo, até aqueles para quem isso antes era impensável”.


Duas centenas de alunos leram mais de cinco livros


João Paulo Proença dá-nos conta do balanço desta iniciativa, que foi apresentado aos professores do agrupamento em julho deste ano.


Os testemunhos de 580 jovens abrangidos pelos dez minutos de leitura completaram deste modo a frase “com esta iniciativa melhorei”: o gosto pela leitura (50%), a concentração (46%), o vocabulário e a compreensão (42%), a forma como escrevo (33%).


Desde o início da atividade (ano letivo de 2017/2018), uma percentagem de 25,7% (229 alunos) leu mais de cinco livros; 30,5% leram três a cinco obras; 39,5% leram de um a três títulos e apenas 6,2% (36 alunos) não leram qualquer obra.


Os livros que leem são sobretudo os que levam de casa, 18% requisitam na biblioteca e poucos recorrem à “cabine telefónica”, somente 8%. A maioria prefere ler nas aulas da manhã, 8h15 e 10h05.


João Paulo Proença partilha (...) algumas das reações dos alunos: “Eu acho que é uma iniciativa muito boa porque toda a gente deve ler. Os alunos devem ler para melhorar o bem-estar da aula, a concentração, o gosto da leitura, o seu vocabulário... A leitura deveria ser de 20 minutos”; “com os livros, nós aprendemos novo vocabulário e dá-nos imaginação”; “em tempo de aulas, termos mais tempo para ler [é] algo muito importante para o nosso desenvolvimento pessoal e educativo”; “podíamos relaxar um pouco antes de a aula começar, e também ajuda em relação às aulas de Português, porque a cada período tivemos de fazer apresentações orais sobre um livro que tenhamos lido, e assim aproveitámos para apresentar o que lemos nestas atividades”; “incentivar as crianças a experimentar outras formas de passar o tempo”; “[permitir] que a turma se conseguisse acalmar para termos uma aula como deve ser”. (...)


O projecto Read On é co-financiado pelo programa Europa Criativa, da União Europeia.


Fonte: Público

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Eles não vêem. Mas fotografaram


Marta quer que se saiba que os cegos também dormem de olhos fechados. Graciete que é possível não ver e ser uma mestre na cozinha. José queria fotografar a vida e o pós-vida. Que imagem de si próprio e do mundo tem quem não vê? Hoje é Dia Mundial da Visão.


Quando lhe perguntaram o que queria fotografar, José Sobreira não pensava noutra coisa senão numa imagem que falasse dos filhos. Perdeu-os para o cancro, o rapaz aos 34 anos, a rapariga aos 28. José ficou cego três meses depois. Foi o trauma, disseram os médicos. José Sobreira é um dos participantes do projecto Imagine Conceptuale do Movimento de Expressão Fotográfica (MEF), que nos últimos três anos trabalhou com 63 pessoas com deficiência visual, entre cegueira congénita, adquirida ou baixa visão. “A ideia era levar a produção artística, o contacto com a arte e a aprendizagem sobre alguns movimentos estéticos relevantes a um grupo de pessoas com maior dificuldade no acesso às imagens”, explica Luís Rocha, um dos fundadores do MEF. Nem todos os participantes traduziram nas suas imagens as influências dos movimentos artísticos a que foram expostos, sobretudo os mais velhos. Mas no horizonte esteve sempre algo que faz já parte da identidade do MEF: “Facilitar o acesso destas pessoas às artes visuais e fomentar as suas formas de expressão pessoal e artística, em particular por meio da fotografia. O objetivo maior era a inclusão.”


Após as sessões sobre história de arte, os participantes discutiram em conjunto o que gostariam de representar em fotografia. Quereriam falar de si, dos outros? Fixar um autorretrato, ilustrar o mundo? “Tentámos que o tema não fosse só a cegueira, mas a também a liberdade, a amizade ou os sonhos”, explica Luís Rocha. José Sobreira, 62 anos, estava determinado a fotografar “a vida e o pós vida”. E por isso ao lado da reprodução fotográfica de fotografias do rosto de cada um dos filhos está um objeto que ficou desse depois: a cadeira de rodas do filho, a trança de cabelo da filha.


Todas as fotografias do projeto estão agora reunidas na exposição Ver com Outros Olhos, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. A acompanhar cada fotografia está um pequeno texto, escrito na primeira pessoa pelos participantes-fotógrafos. Coube-lhes a eles fotografar, na maioria das vezes recorrendo a um comando remoto, que escondiam na mão. A câmara estava à sua frente, num tripé. Recebiam indicações de posição em relação à luz, por exemplo, mas o processo queria-se o mais autónomo possível. Alberto Biom, guineense, queria fotografar a casa com que sempre sonhou na Guiné, uma viagem que não foi possível fazer. Acabou por construir uma estrutura de uma casa em madeira. E disparou. "Eu pensava que não conseguia tirar uma fotografia eu mesmo (sic). Saiu muito bem, não foi?" 


É no documentário que encerra a exposição, da autoria de Luís Rocha e Tânia Araújo (fundadores do MEF e coordenadores do projecto) que temos acesso ao processo de realização das fotografias. É assim que ouvimos e vemos Alberto Biom, surpreendido com as suas competências de fotógrafo. Ou que vemos a jovem Marta Jordão a alinhar com precisão fardos de palha que construíram uma cama onde se deitou a dormir: de olhos fechados. Ou que vemos Nuno Silveira a colocar metade de uma abóbora pintada de azul na cabeça. E ouvimo-lo: “Tinha medo de ir à casa de banho porque aparecia uma abóbora a tentar entrar pela janela”. Foi isso que quis representar. No caminho, descobriu que um cego também pode criar imagens: “Toda a gente tem uma visão. E as pessoas com deficiência visual não são excepção. Também têm uma visão do mundo”, explica no documentário.


“Eles não disparam ao acaso”, assegura-nos Luís Rocha. “A imagem pode não ser visível mas é construída, com memórias, sensações, impressões”, diz. José Soudo, fotógrafo e professor de História da Fotografia, explica no documentário um pouco mais: “Há um sentir que é mais que o visual. Nós vemos e depois interpretamos. Eles interpretam para depois sentirem. Sentirem, verem.” Cada fotografia da exposição é ainda acompanhada de uma imagem táctil, em alto-relevo: uma tradução da fotografia original para poder ser vista por deficientes visuais. Para que o invisível se torne visível. As duas versões vão ser publicadas em livro no final de Outubro.


O Movimento de Expressão Fotográfica (MEF) trabalha há quase 15 anos com a comunidade cega ou com baixa visão. No passado optaram por criar exposições de fotografia recriando um ambiente de escuridão, para que os normovisuais se sentissem na pele de quem não vê. “Esta é a primeira exposição com sensores tácteis nas fotografias”, explica Luís Rocha. “Pensámos o resultado final que incluísse ambos, cegos e normovisuais, porque os cegos não vivem num mundo de cegos, vivem num mundo normovisual.” Tânia Araújo explica que é também o projecto mais completo que realizaram até hoje, decorrente do financiamento e acompanhamento que tiveram do programa PARTIS – Práticas Artísticas para a Inclusão Social, da Fundação Calouste Gulbenkian. “Foi fundamental pela estrutura de aprendizagem, funcionou quase como um laboratório”, explica. E ajudou, afirma, a que a experiência fosse valorizada por quem participa. “Expor na Gulbenkian é a confirmação de valor para pessoas para quem a sociedade foi muitas vezes injusta”.


“As portas estão fechadas, mas eu entro”


Quando o professor Fernando Matos viu o anúncio da exposição Ver com Outros Olhos nas redes sociais pensou: “ Bingo, não podia ter vindo em melhor altura”. A turma de 10º ano do curso de fotografia da Escola Profissional Magestil, em Lisboa, tinha acabado de receber Mariana Neto, uma aluna amblíope. Por enquanto, Mariana, 16 anos, fotografa com o telemóvel, mas a escola está a tentar adaptar uma máquina fotográfica profissional para que inclua um monitor que permita a Mariana ampliar as imagens. Na exposição, Mariana descobriu outros fotógrafos como ela. Durante a visita, alguns colegas explicaram-lhe detalhes das imagens e fotografaram as zonas mais escuras para que Mariana pudesse ver mais de perto.


Os médicos não conseguem determinar ao certo o quanto a Mariana consegue ou não ver. Um quisto no cerebelo (detetado na reta final da gravidez) afeta-lhe a visão e a motricidade. “Felizmente a zona cognitiva nobre do cérebro está preservada”, explica (...) a mãe, Sofia Neto. “Ela tem fibras ópticas mortas. Todo o processo visual se faz de uma forma muito lenta, a partir do momento em que ela vê até o cérebro processar a informação. Em determinados ângulos não vê e não tem visão periférica de todo. Mas também não vê apenas formas e contornos, vê objectos, define-os e consegue identificá-los”, esclarece Sofia Neto.


Para a mãe, designer gráfica, ex-docente e artista plástica, o que Mariana não vê pode até ser uma vantagem: “A baixa visão da Mariana pode potenciar outras capacidades. Acho que a sensibilidade particular dela pode estar expressa na fotografia”, diz. Mariana gosta sobretudo de fotografar candeeiros e sombras. “No outro dia fui ao Jardim do Campo Grande e fui eu que vi a minha sombra no chão, e quis fotografar”, conta (...). O telemóvel já estava na mão, pronto para nos mostrar a sua conta de Instagram, que abriu há um ano. “Esta é uma selfie com o meu pai. Fomos ao jogo do Benfica e eu quis tirar uma foto ao estádio”, diz-nos.


O pai ofereceu-se para tirar a fotografia. “Eu disse: ‘sou eu que estou a tirar o curso de fotografia, se quiseres podes ajudar!’” Concluída a formação em fotografia, diz, vai fazer um curso de DJ. “A Mariana surpreende sempre”, diz (...) Carla Fragata, coordenadora do curso de fotografia. E recorda o que a aluna lhe disse logo na segunda aula, quando perguntou aos alunos se tinham um lema de vida. “As portas estão fechadas, mas eu entro”, respondeu Mariana.


Fonte: Público