Tomografia de Coerência Ótica e Tecnologias de Ótica Adaptativa são os nomes das duas tecnologias cujos investigadores que as desenvolveram foram agora premiados com o Prémio António Champalimaud de Visão 2012.
A cerimónia de entrega do prémio, que decorreu no anfiteatro ao ar livre virado para o Tejo nas instalações da Fundação Champalimaud, em Pedrouços, Algés, foi presidida pelo Presidente da República, Cavaco Silva e na qual marcaram presença, para além da Presidente da Fundação Champalimaud, Leonor Beleza, presença obrigatória, o ex. Presidente Ramalho Eanes, o ex. Presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, o Ministro da Saúde, Paulo Macedo, e Leonor Parreira, Secretária de Estado da Ciência, entre muitas outras personalidades de grande relevo nacional.
Pelo desenvolvimento da Tomografia de Coerência Ótica os premiados são James G. Fujimoto, David Huang, Carmen A. Puliafito, Joel S. Schuman e Eric A. Swanson, investigadores de várias Universidades dos EUA.
A Tomografia de Coerência Ótica permite fazer um diagnóstico não invasivo para o paciente, ao mesmo tempo que possibilita aos especialistas visualizarem secções transversais da estrutura interna dos tecidos vivos da retina.
No fundo, esta tecnologia permite obter imagens in situ, em tempo real e a três dimensões, já que funciona da mesma forma que a captação de imagens por ultrassom só que utiliza luz em vez de som, através da medição da luz que é redispersa e refletida.
Esta técnica é já genericamente utilizada em todo o mundo, mas no ano 2000, na revista científica Neoplasia, os investigadores agora premiados explicavam que «a Tomografia de Coerência Ótica pode funcionar como um tipo de biópsia ótica e é uma tecnologia de imagiologia poderosa para diagnóstico médico, porque ao contrário da histopatologia convencional, que exige a remoção de tecidos e observação ao microscópio, a Tomografia de Coerência Ótica pode fornecer imagens de tecidos in situ e em tempo real».
Para além disso, explicavam: «a Tomografia de Coerência Ótica pode ser usada onde a biópsia por excisão tradicional é perigosa ou impossível, para reduzir erros de amostras associados à biópsia de excisão, e para guiar procedimentos de intervenção».
Outro dos vencedores, mas pelo desenvolvimento das Tecnologias de Óptica Adaptativa, é David R. Williams, da Universidade de Rochester, também nos EUA. Esta inovadora tecnologia permite ver células da retina com grande precisão, ao ponto de conseguir fazer a quantificação dos cones (um tipo de célula fotorreceptores) da retina viva.
Com esta aplicação o investigador abriu as portas a uma melhor compreensão dos vários componentes que constituem a retina, que até então não era possível, e com isso, para além de melhores diagnósticos, a possibilidade de avanços científicos e melhor compreensão sobre as doenças e envelhecimento que afetam a retina.
Para o desenvolvimento desta tecnologia com aplicações oftalmológicas, o investigador baseou-se nos primeiros desenvolvimentos que astrónomos teriam feito para captar imagens de aberrações atmosféricas.
Em comunicado a Fundação Champalimaud revela que: «estes métodos vieram revolucionar a prática oftalmológica e os nossos conhecimentos sobre o envelhecimento e patologia ocular e suas formas de tratamento».
«As propriedades de imagiologia destas duas técnicas, isoladamente, ou possivelmente conjugadas no futuro trazem grandes promessas para uma imagiologia tridimensional à escala celular que impulsionará novas descobertas científicas e melhores cuidados de saúde», indica a Fundação Champalimaud.
Prémios anteriores:
2007 – Aravind Eye Care SystemCriado em 1976 com o objectivo de eliminar a cegueira desnecessária, Aravind é a maior e mais produtiva unidade de tratamento de doenças da visão do mundo e está sediada em Madurai, na Índia. Levando os seus serviços humanitários para as regiões rurais da Índia, as suas estratégias de combate à cegueira venceram distâncias e ultrapassaram barreiras de pobreza e ignorância, conseguindo criar um sistema auto-sustentado. De Abril de 2006 a Março de 2007 mais de 2,3 milhões de pacientes foram tratados e mais de 270.444 cirurgias foram realizadas. O Aravind Eye Care System inclui cinco hospitais, o centro de fabrico de produtos oftalmológicos, uma fundação internacional de investigação e um centro de treino que está a contribuir para revolucionar centenas de programas de tratamento de olhos no mundo em desenvolvimento.
2008 - Jeremy Nathans e King-Wai Yau
Em 2008 o Prémio de Visão António Champalimaud destina-se a reconhecer o mérito e a excelência na investigação científica. Os trabalhos de Jeremy Nathans e King Wai-Yau representam um enorme progresso no processo de compreensão dos mecanismos da visão. Jeremy Nathans descobriu o código genético dos pigmentos da visão humana, a sua forma de funcionamento e a o modo como as suas mutações provocam retinopatias. Por seu lado, King Wai-Yau mostrou como é que a absorção de luz por aqueles pigmentos gera impulsos eléctricos que permitem ver.
2009 - Helen Keller InternationalO Prémio António Champalimaud de Visão 2009 foi atribuído à organização global Helen Keller International (HKI). O prémio foi entregue como reconhecimento pelos notáveis resultados na prevenção e combate à cegueira nos países em vias de desenvolvimento, e em particular pelos avanços nas últimas décadas no controle da deficiência de vitamina A – uma das principais causas de morte e cegueira infantil. Pelo seu desempenho, a HKI tem ajudado a preservar a visão e a vida de milhões de pessoas em todo o mundo e muito especialmente em Moçambique.
2010 - J. Anthony Movshon e William NewsomeJ. Anthony Movshon e William T. Newsome são investigadores de prestigiadas instituições norte-americanas e têm-se destacado nos últimos trinta anos pelos seus notáveis trabalhos que influenciaram o modo como a Ciência entende o papel do cérebro na reconstrução de imagens e na forma como os seres humanos percepcionam, interpretam e actuam.
2011 - African Programme for Onchocerciasis Control (APOC)O Programa Africano de Controle da Oncocercose (APOC), uma das principais causas de cegueira evitável, venceu o Prémio António Champalimaud de Visão 2011, um galardão que, para os seus responsáveis, homenageia todos os que, diariamente, trabalham no terreno.
Conhecida como a “cegueira dos rios”, a oncocercose é uma doença parasitária transmitida aos humanos pela picada da mosca preta, especialmente junto aos rios e outras linhas de água. Nos últimos 15 anos, a APOC coordenou mais de uma centena de programas de combate a esta doença.
Sem comentários:
Enviar um comentário