terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A Educação Física para Deficientes Visuais

 

 
 
 
Hoje quero  mostrar como é possível que pessoas portadoras de deficiência visual participem nas aulas de educação física, ressaltando a sua importância e seus benefícios. Além disso, reforça a  inclusão!

 
 
 
 
Dificuldades do aluno com deficiência visual:
 
  • Mobilidade prejudicada
  • Equilíbrio falho
  • Esquema corporal e cinestésico não internalizados
  • Locomoção dependente
  • Postura defeituosa
  • Expressão corporal e facial muito raras
  • Coordenação motora bastante prejudicada
  • Lateralidade e direccionalidade não estabelecidas
  • Inibição voluntária não controlada
  • Falta de resistência física
  • Tónus muscular inadequado
  • Falta de auto-iniciativa para acção motora
A educação física adaptada consegue minimizar e optimizar estes problemas, se o trabalho for realizado por um profissional competente e habilitado.
É importante ressaltar o grande valor que a educação física adaptada  tem, pois proporciona às pessoas portadoras de necessidade visuais especiais uma melhor qualidade de vida, socialização, bem-estar, treino dos sentidos, conhecimento do esquema corporal, além de outros estímulos e vivências que em outras actividades não seria possível. Utilizar a educação física para promover e despertar as potencialidades de uma pessoa cega é muito mais do que gratificante, é um dever muito prazeiroso.

 

Desporto para Deficientes Visuais
Em Portugal , a Associação Nacional de Desporto para Deficientes Visuais é uma associação sem fins lucrativos e desenvolve a sua atividade no âmbito do desporto para deficientes visuais.
A ANDDVIS possui âmbito nacional e representa os clubes desportivos nela filiados que integrem praticantes desportivos com deficiência visual, bem como praticantes desportivos filiados a título individual.
A associação tem por objecto fomentar, promover e desenvolver o desporto para deficientes visuais.
O papel do profissional de Educação Física é fundamental na integração destas pessoas, mas só mais recentemente os professores se têm preocupado com actividades físicas adaptadas para este público e, não menos importante, com a concepção da inclusão social e maior divulgação e popularização do desporto.
 
Cada pessoa tem o direito de escolher a actividade que melhor se adapta, atendendo às suas expectativas e objectivos. Com os deficientes não deve ser diferente, porém deve se observar sempre as suas limitações a fim de minimizar as limitações ou dificuldades impostas por sua deficiência.
A pessoa deficiente só deve participar numa actividade motora se houver interesse da sua parte (factor intrínseco) e se as condições de factores externos forem a seu favor (factores extrínsecos). Por vezes é difícil, respeitar este «slogan» de «Desporto para todos», visto que, nem todas as localidades possuem condições, tanto a nível financeiro como humano para disponibilizar igualdade no que diz respeito á prática de desporto.
 

Modalidades Desportivas praticadas por deficientes visuais
Existe uma variedade de desportos praticados por atletas deficientes visuais e cegos, nacional e internacionalmente. Alguns são reconhecidos pela International Blind Sport Federation (IBSA), entidade que rege o desporto internacionalmente, o qual no nosso país é gerido pela Associação Nacional de Desporto para Deficientes Visuais (ANDDVIS).
Os desportos considerados para olímpicos de verão e reconhecidos pela IBSA são: Goalball, Atletismo, Ciclismo, Judo, Natação, Hipismo. E apesar de ser reconhecido pela IBSA, mas sem constar do Programa Para olímpico, está o Futsal.
Além desses, há outros desportos praticados por deficientes visuais e cegos que não são reconhecidos pela IBSA.: Basquete, Voleibol, Vela, Esqui Aquático, Showdown (adaptação do ténis de mesa), Patinagem, Canoagem, Remo, Corrida de Orientação, Montanhismo, Xadrez, Rapel, Lutas (olímpica e greco-romana) e uma variedade de desportos de Inverno.

Foi inventado, em 1946 pelo austríaco Hanz Lorenzen e pelo alemão Sett Reindle, com o intuito de ajudar na reabilitação de veteranos de guerra que ficaram cegos. Sua estreia em Jogos Para-Olímpicos ocorreu em Toronto, Canadá, em 1976.
 
O Goalball é disputado em uma quadra que mede 9 metros de largura e 18 metros de comprimento, ou seja, a mesma dimensão de uma quadra de voleibol, com traves que cobrem todo o fundo da quadra. Cada equipe é composta por três atletas titulares e três reservas.
As diferentes áreas de um campo de Goalball
área de
Equipa
área de
Lançamento
área
Neutra
área
Neutra
área de
Lançamento

área de
Equipa

O Goalball é um desporto criado e praticado exclusivamente por atletas portadores de deficiência visual que participam na mesma classe, segundo as normas de classificação da International Blind Sports Federation (IBSA), como B1, B2 e B3, separados por sexo masculino e feminino.
No desenvolvimento do jogo só podem ser feitos arremessos rasteiros com a bola, cuja medida é de 76 cm de diâmetro e peso de 1,250 Kg. A cor é semelhante à bola de basquetebol, entretanto há furos que permitem a emissão de sons produzidos pelos guizos que ficam na sua parte interna.
A emissão dos referidos sons tem como função dar uma melhor noção aos atletas da trajectória da bola durante o jogo, tanto no ataque como na defesa. Vale salientar que os espectadores devem permanecer em silêncio absoluto para que os atletas tenham uma melhor concentração durante o jogo.
Ao fazerem os arremessos, os jogadores posicionam-se de pé e, geralmente, ficam agachados, ajoelhados ou deitados para executar a defesa buscando, através de deslocamentos laterais, ocupar a maior área possível da quadra.

Por ser considerado o desporto de base, visto que envolve e desenvolve os movimentos naturais do homem, como correr, saltar, arremessar/lançar, serve de base para os outros desportos. Entretanto que o referido desporto é parte fundamental para o bom desenvolvimento da aptidão física e social.

 
 

A ― CORRIDAS:
  • 100m
  • 200m
  • 400m
  • 800m
  • 1500m
  • 3000m
  • 5000m
  • 10000m
  • Maratona

Estafetas:
  • 4 x 100m
  • 4 x 400m

B - SALTOS:
  • No sentido horizontal: Distância e triplo
  • No sentido vertical: Altura

C - ARREMESSOS:
  • Peso

D ― LANÇAMENTOS:
  • Dardo
  • Disco

E ― PROVAS COMBINADAS
  • Pentatlo

A prova de estafetas 4 x 100 e 4 x 400m também são disputados com a finalidade de desenvolver o espírito de equipa entre os participantes, pois o Atletismo é considerado um desporto individual.

Nesta modalidade os atletas devem pertencer às categorias B1, B2 e B3 do sexo masculino e feminino, individual ou por equipa. As regras são praticamente iguais as regras do ciclismo convencional, com algumas modificações.

 
A segurança, a classificação dos atletas, além das adaptações das máquinas, são algumas das especificidades da modalidade. O atleta compete em bicicleta «tandem» (com dois assentos) e com um guia, todos os competidores vão sentados no banco de trás, na condição de co-piloto.
Podem participar como piloto (guia) todos os ciclistas de qualquer categoria. A única condição é que não tenha sido convocado pela sua federação nacional para nenhum campeonato internacional nos três anos anteriores à prova. As provas são de estrada, contra relógio e velódromo (figura em baixo).

Modalidade reservada aos atletas portadores de deficiência visual em todos os pesos e classes: B1, B2 e B3.
As regras são as mesmas da Federação Internacional de Judo, com algumas adaptações. Por exemplo, no início da luta os atletas são colocados próximo um do outro e o árbitro induz-lhes a realizarem um leve contacto para terem uma orientação espacial da distância que os separa.


 Também não há punição para a ultrapassagem da área de combate no tatame e as advertências são feitas por meios audíveis. As competições se dividem em sete categorias de peso. A principal adaptação feita para essa modalidade é a diferença de textura do tatame que indica os limites da área de competição.

Modalidade Para olímpica desde 1996, nos Jogos de Atlanta, o desporto equestre vem se afirmando definitivamente no mundo para desportivo.

Após classificação e qualificação realizada pela comissão técnica oficial, são admitidos para essa modalidade todos que apresentam deficit parcial ou total de algum órgão sensorial, função reduzida ou ausência de membros, amputações, limitação de função do tronco.
O adestramento é uma modalidade compatível com todas as idades, habilidades e estágios de equitação e, por esse motivo, considerado desporto arte. A beleza deste desporto está no incentivo, aprendizagem e experimentação, que fazem aguçar os sentidos e levam o indivíduo a melhorar a sua postura, propriocepção e sensibilidade.

A dimensão do campo é a mesma que se utiliza para o Futsal convencional, acrescenta-se apenas uma banda lateral de um metro e vinte de altura (parede que impede a bola de sair pela lateral).
 
Vale salientar que a IBSA recomenda que os jogos oficiais devam ser em recintos descobertos para evitar o eco.
Dentro da bola, devem conter guizos ou outro material que emita som para facilitar a orientação dos atletas.
O guarda-redes possui visão normal e por essa razão sua área de actuação é restrita: dois metros à frente e cinco metros de largura, um metro lateral de cada poste da baliza e dois metros à frente.
Havendo qualquer actuação fora dessa área é marcada a penalidade máxima.

Constitui-se numa modalidade de desporto das mais completas, sob o ponto de vista do desenvolvimento motor. A natação não é uma actividade destinada apenas a promover alegria e prazer, ela é também encarada como importante factor de equilíbrio no exercício de outras actividades de trabalho, razão pela qual para sua prática, não existem limites nem limitados.

 
Para dar maior equilíbrio às competições, existe um sistema de classificação funcional B1, B2 e B3.
Todas as classificações se realizam a partir do melhor olho com a melhor correcção possível.
As provas são em quatro estilos: peito, costas, livre e borboleta.
As regras são as mesmas da Federação Internacional de Natação Amadora e as adaptações são feitas na largada, viragem e chegada dos atletas.
Os nadadores cegos recebem aviso do árbitro por meio de uma varinha com ponta de espuma ao se aproximarem das bordas da piscina. Os nadadores B1 devem nadar com óculos do tipo «blackout».
Estas são as provas que compõem o programa de natação para competições Nacionais e Internacionais, Masculina e Feminina:
  • 50m livres
  • 100m livres
  • 200m livres
  • 400m livres
  • 100m costa
  • 200m costa
  • 100m peito
  • 200m peito
  • 100m borboleta
  • 200m borboleta
  • 200m medley
  • 400m medley
  • Est: 4x50m livre
  • Est: 4x100m livres
  • Est: 4x50m medley
  • Est: 4x100m medley

É considerado o desporto rei entre os cegos, pelo grande número de praticantes e pelo alto nível alcançado nas competições nacionais e internacionais.

As competições de xadrez são regulamentadas pela Federação Internacional de Xadrez complementadas e adaptadas quando um ou dois jogadores são cegos.
Dentre as adaptações, uma das mais conhecidas é a permissão dada aos jogadores para poder tocarem suas peças e as dos adversário, para uma melhor orientação e elaboração da jogada.
Outra adaptação são os furos no tabuleiro e pinos nas peças.


  • ALMEIDA, José Júlio Gavião de. Metodologia Aplicada ao deficiente visual. In curso de capacitação de professores multiplicadores em educação física adaptada. Brasília: Ministério da Educação,2002
  • MELO, C. P. Pessoas deficientes: algumas coisas que é preciso saber. São Paulo: Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa Deficiente, 1986.
  • MUNSTER, Mey de Abreu Van. Apud ALMEIDA, José Júlio Gavião: Metodologia aplicada ao deficiente visual. In Curso de professores multiplicadores em educação física adaptada. Brasília: Ministério da educação, 2002.
  • SACKS, Oliver W. Um antropólogo em Marte: sete histórias paradoxais. Tradução Bernardo Carvalho. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
  • VEIZMAN,S., Visão subnormal. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2000.




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