No dia 29 de Setembro assinala-se o Dia Mundial da Retina e a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) lembra que um estilo de vida saudável pode ajudar a retardar a degenerescência macular da idade (DMI), principal causa de baixa visão nos países desenvolvidos. Trata-se de uma doença crónica e progressiva da zona central da mácula, onde a visão é mais importante, atinge cerca de 350 000 mil portugueses, um número que tende a aumentar à medida que a população portuguesa fica mais envelhecida.
Mun Faria, oftalmologista e membro da SPO, afirma que a DMI “decorre do envelhecimento das células delicadas da zona central da retina, que ficam lesadas e deixam de funcionar de forma eficaz. É uma doença multifactorial, em que a idade tem um importante papel. Os dois olhos estão geralmente envolvidos, mas em diferentes estadios da doença.
Sendo a causa mais frequente de baixa de visão em doentes acima dos 50 anos nos países desenvolvidos, a DMI é uma doença silenciosa e muitas vezes, só é perceptível pelo doente, depois de envolver o outro olho. “Ocorre perda de visão central, que é a mais sensível à luz e aos objectos de pequena dimensão. A visão periférica é mantida, o que pode permitir alguma independência funcional”, explica a especialista.
Os factores que estão na génese do desenvolvimento da DMI são, em particular, a genética, pois existe uma predisposição genética para o desenvolvimento desta doença, tendo sido já identificados alguns genes que aumentam o risco de DMI. A associação com a raça também é evidente, sendo os caucasianos mais susceptíveis que a raça negra. Factores ambientais como o tabaco (o risco de DMI é duas a três vezes superior nos fumadores), a dieta e o índice de massa corporal também podem modular essa susceptibilidade para o desenvolvimento da DMI.
Segundo Mun Faria, os principais sintomas são, nas fases iniciais, “ baixa da acuidade visual, visão enevoada ou distorcida. As queixas podem ter evolução rápida ou desenvolver-se em meses.
Poderá haver algum desconforto, mas nunca acompanhado de dor. Numa fase avançada o doente refere uma mancha escura no campo central da visão, que dificulta a leitura, a escrita, o reconhecimento de pequenos objectos ou detalhes”.
O diagnóstico desta doença tem sido muito facilitado com uma técnica relativamente recente, a Tomografia de Coerência Óptica, (OCT) que permite de uma forma inócua, diagnosticar esta doença, assim como vigiar a sua evolução.
As formas de DMI podem ser a atrófica ou a exsudativa, sendo esta última a mais frequente. Na DMI exsudativa as injecções intra-vítreas de antiangiogénicos vieram revolucionar a terapêutica existente. É no entanto importante um diagnóstico precoce para que o tratamento se inicie antes de haver perda irreversível de visão. Existem evidências do efeito protector de alguns antioxidantes (vitamina C, E e Zinco), carotenoides e Ómega 3.
Assim, em indivíduos susceptíveis ou com factores de risco para a DMI, é recomendável uma alimentação rica em Ómega 3 (peixes gordos, como a sardinha, cavala, salmão), alimentos como a couve portuguesa e legumes de folha verde, ricos em carotenóides e, no geral, frutas, legumes, nozes, crustáceos, etc.
A DMI é tratável, “mas o tratamento com cura total é muito difícil, senão mesmo impossível”, sendo prognóstico habitualmente reservado. Todos os doentes com DMI devem ser informados sobre o prognóstico e o valor potencial dos tratamentos, os riscos, os benefícios e as complicações desses tratamentos, que devem ser discutidos para cada doente.
A antecipação e o desenvolvimento das formas mais graves podem ser prevenidos, pela modulação de factores de risco imutáveis como a genética e a idade, através de uma dieta saudável e a cessação tabágica.
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