quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Escolas de Referência - Escolas Inclusivas

Nas normas sobre igualdade de oportunidades para as pessoas com deficiência, em 1993, as Nações Unidas afirmavam não só a igualdade de direitos para todas as crianças, jovens e adultos com deficiência à educação mas também determinavam que a educação deveria ser garantida em estruturas educativas integradas no sistema de ensino, ou seja, em escolas regulares.


Referia ainda o documento das Nações Unidas que competia às autoridades responsáveis pelos serviços de educação (I) assegurar que a educação das pessoas com deficiência deveria realizar-se numa perspetiva de integração, fazendo parte integrante do planeamento educativo nacional, do desenvolvimento curricular e da organização escolar; (II) assegurar a existência de serviços de apoio adequados.

No ano seguinte, em 1994, a Declaração de Salamanca e o Enquadramento para a Ação na Área das Necessidades Educativas Especiais, reiterava que as escolas devem acolher todas as crianças independentemente das suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. 
Estas recomendações são “inspiradas pelo princípio da inclusão e pelo reconhecimento da necessidade de atuar com o objetivo de conseguir “escolas para todos” - instituições que incluam todas as pessoas, aceitem as diferenças, apoiem a aprendizagem e respondam às necessidades individuais.”

Em muitos países, estas recomendações vieram a influenciar uma reformulação profunda na área educativa, visando criar uma maior capacidade das escolas para atenderem todos alunos e visando os conceitos e práticas tradicionalmente adotadas pela educação especial. 

Em Portugal, apesar de alguns considerarem que o impacto não foi muito significativo, o Decreto-Lei 3/2008, de 7 de janeiro, assumindo a filiação a estes movimentos, vem definir os apoios especializados a prestar em todos os níveis de educação e ensino, “visando a criação de condições para a adequação do processo educativo às necessidades educativas especiais dos alunos com limitações significativas ao nível da atividade e da participação num ou vários domínios de vida, decorrentes de alterações funcionais e estruturais, de carácter permanente, resultando em dificuldades continuadas ao nível da comunicação, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal e da participação social”. 

Este mesmo Decreto-Lei veio criar as designadas escolas de referência e as unidades especializadas, nomeadamente as escolas de referência para a educação de alunos cegos e com baixa visão que, concentrando alunos de um ou mais concelhos, têm como objetivos, entre outros, assegurar a observação e avaliação visual e funcional, o ensino e a aprendizagem da leitura e escrita do braille, proporcionar a utilização de meios informáticos específicos, assegurar o ensino e a aprendizagem da orientação e mobilidade, orientar os alunos nas disciplinas em que as limitações visuais ocasionem dificuldades particulares, designadamente a educação visual, educação física, técnicas laboratoriais, matemática, química, línguas estrangeiras e tecnologias de comunicação e informação e ainda, assegurar o treino de atividades de vida diária e a promoção de competências sociais, etc (artº 24º do DL 3/2008).

O Agrupamento de Escolas de Maximinos é agrupamento de referência para alunos cegos e com baixa visão. Inicialmente apenas para os alunos do pré-escolar até ao 9.º ano e, a partir do presente ano letivo de 2013/14, também para os alunos do ensino secundário. Ao longo do tempo da sua existência tem procurado encontrar as respostas adequadas para os seus alunos de modo a que, eles próprios e os pais possam sentir que o sistema responde às suas necessidades e que a escola cumpre a sua missão.

Mas, como alguém dizia neste mesmo espaço, “a escola inclusiva, para que exista precisa acima de tudo, de tempo. Tempo de formação, de auto-formação, de exigência (…) nos processos. E para que haja mudança nos processos as escolas necessitam de tempo.” E eu acrescentaria, precisam também de mais recursos, sobretudo humanos, para que os objetivos inscritos na lei possam ser alcançados. 

Efetivamente, no que aos alunos cegos ou com baixa visão se refere, é necessário que os materiais de apoio, em braille, sejam disponibilizados, em tempo útil, pela tutela; é fundamental encontrar soluções que permitam um efetivo apoio nas disciplinas em que as limitações visuais representam uma particular dificuldade; e ultrapassar dificuldades na contratação de docentes especializados no ensino da orientação e mobilidade e no treino de atividades de vida diária e a promoção de competências sociais. 

Destas e doutras dificuldades se falou em recente reunião com os pais dos alunos do agrupamento em que, em conjunto, se refletiu sobre ‘o estado da arte’. Das conclusões informaremos a tutela. Felizmente, a escola pode hoje contar com pais mais atentos, mais conhecedores da realidade e mais empenhados na construção de soluções que respondam às necessidades dos seus filhos. Em conjunto, teremos mais condições de ir fazendo caminho em direção a uma escola verdadeiramente inclusiva.

António Pereira

Portugueses criam guia de compras para invisuais

Dois alunos finalistas do Instituto Politécnico de Viana do Castelo criaram um guia de compras inédito, a pensar em todos os consumidores invisuais e nas barreiras que enfrentam, diariamente, em atividades tão simples e banais como, por exemplo, ir ao supermercado.

Pelo nome 'Guia de Apoio à Navegação de Invisuais em Superfícies Comerciais', o projeto tem por base aparelhos tecnologicamente avançados capazes de ajudar os invisuais a conseguir cumprir a tarefa de ir às compras, através da eliminação de várias inacessibilidades com que se deparam.
“Aquilo que criámos foi um sistema que permite apoiar um invisual na gestão otimizada da sua navegação numa superfície comercial, durante o processo de aquisição de bens existentes numa lista de compras pré-configurada”, explica Tiago Santos, finalista do curso de Engenharia Eletrónica e Redes de Computadores e um dos mentores do projeto, em comunicado.
“Uma das tarefas mais complicadas que um invisual enfrenta no seu quotidiano é a visita a uma superfície comercial para fazer compras. Tendo em conta que há, todos os dias, novos produtos a chegar às prateleiras e que as suas posições no espaço sofrem constantes alterações, quisemos criar um guia especialmente dirigido a pessoas com deficiência visual", acrescenta João Palma, igualmente finalista do curso e mentor do projeto.
O mesmo é "capaz de, automaticamente, gerar um percurso otimizado tendo em conta critérios espaciais e de proximidade entre os produtos existentes na lista de compras, minimizando assim a distância percorrida pelo invisual nesse processo”.
A verdade é que só os invisuais sabem a verdadeira missão impossível que pode ser uma simples ida ao supermercado - encontrões, carrinhos abandonados no meio do caminho, prateleiras perdidas, etc. Agora, no sistema desenvolvido por João e Tiago, "a localização do indivíduo tira partido de tecnologia RFID que é colocada no pavimento em pontos de decisão de um sistema de orientação tátil pré-existente". 
Para o efeito, foi ainda desenvolvido um "dispositivo de leitura de RFID com capacidade de comunicar com um SmartPhone através de comunicações sem fios". Os autores explicam ainda que, no dispositivo móvel, “a interface com o utilizador é baseada em voz e utiliza a framework para conversão de texto para voz e reconhecimento de fala existente no SDK Android”.
O protótipo foi já desenvolvido, estando, neste momento, em fase de testes com utilizadores em ambiente real.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Legislação sobre Vida Independente


Na sequência das negociações havidas entre o Secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social, Agostinho Branquinho, e as organizações e movimentos na área da deficiência, encontra-se aberto um processo de reflexão sobre as questões da vida independente.
Assim, tendo em vista a adoção de medidas de política que favoreçam a autonomia das pessoas com deficiência está disponível um endereço de e-mail através do qual poderão ser formuladas todas as sugestões que se insiram neste âmbito.
Este processo está aberto até 10 de dezembro de 2013, devendo os interessados remeter os seus contributos, considerações ou dúvidas para o e-mail:  vidaindependente@inr.msess.pt.

III Colóquio Media e Deficiência.

 Já começou o III Colóquio Media e Deficiência. Podem assistir em direto através do site www.mediaedeficiencia.com.

domingo, 24 de novembro de 2013

III Congresso de Inclusão pelo Desporto

O III Congresso de Inclusão pelo Desporto realiza-se no Centro Cultural Vila Flor em Guimarães, no dia 12 de Dezembro, subordinado aos temas da diversidade, cidadania e integração.

É um evento organizado pela Associação IUNA em colaboração direta com Guimarães – Cidade Europeia do Desporto 2013, a Câmara Municipal de Guimarães, o Plano Nacional de Ética no Desporto, a Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra.

Estas instituições uniram-se no desenvolvimento de um projeto que tem como objetivo principal promover a função social e educativa do Desporto em Portugal.

Num período em que o Desporto se tornou uma área política de relevância estratégica da União Europeia, espera-se que este Congresso, contribua para o debate em curso sobre a inclusão social dos imigrantes e das minorias étnicas e das populações em risco no e pelo desporto. Além disso, os resultados e as recomendações práticas do congresso devem ajudar a colocar a inclusão social na agenda das políticas desportivas nacionais e europeias, e promover a partilha dos nossos valores com outras regiões do mundo, nomeadamente, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

A Organização do 3o CONGRESSO INCLUSÃO PELO DESPORTO convida todos os profissionais/alunos/investigadores das áreas relacionadas com a função social e educativa do Desporto a divulgarem as suas experiências, estudos ou trabalhos desenvolvidos nesta temática, mediante a sua apresentação na forma de Comunicações Livres ou Posters.

Os procedimentos, inscrição e prazos para a submissão dos resumos, assim como outras informações sobre o III Congresso de Inclusão Pelo Desporto encontram-se no site.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Já está online a versão completa do documentário "Deficiência e emancipação social: para uma crise da normalidade". O documentário foi produzido no âmbito do projeto do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra "Da lesão vértebro-medular à inclusão social: a deficiência enquanto desafio pessoal e sociopolítico".
http://www.youtube.com/watch?v=ETJWfZTpFvU

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Liga dos Amigos dos Hospitais da Universidade de Coimbra


  
A Liga dos Amigos dos Hospitais da Universidade de Coimbra - LAHUC - desenvolve uma actividade diversificada de apoio a doentes dos Hospitais da Universidade de Coimbra e suas famílias.
Colabora estreitamente com o Serviço Social do Hospital para responder ás necessidades de um acompanhamento mais intensivo a alguns doentes. Os seus voluntários fazem visitas periódicas e prestam apoio aos doentes internados nos HUC.
No âmbito do protocolo celebrado com a ACAPO, a LAHUC garante acompanhamento nas consultas e tratamentos aos utentes invisuais/amblíopes que se dirigem a este Hospital.
Durante todo o ano faculta equipamentos técnicos de apoio (cadeiras de rodas, camas articuladas, etc) a doentes carenciados. Entrega enxovais a bebés nascidos nas maternidades Daniel de Matos e Bissaya Barreto. Realiza acções de formação para cidadãos portadores de deficiência.

Horários: O corpo de voluntariado desenvolve as suas actividades regulares de Segunda a Sexta-feira, entre as 14h00 e as 18h00. Mediante marcação prévia poderá desenvolver tarefas extraordinárias em horários a definir com os voluntários.
Contactos:
LAHUC
Av.ª Bissaya Barreto e Praceta Prof. Mota Pinto
3000-075 Coimbra
Tel. 239 400 584 || Fax. 239 482 833
Email: ligahuc@gmail.com
Web: http://www.lahuc.com

Brasil desenvolve implante intraocular para tratar diversos tipos de doenças


Embora inicialmente esteja destinado para o tratamento de doenças da retina, o implante poderá futuramente ser utilizado no tratamento de doenças localizadas em outros órgãos e tecidos do corpo.

Um implante intraocular desenvolvido na Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto promete melhorar a visão de pacientes com uma série de doenças da retina, que podem levar à cegueira.

O implante tem aproximadamente o tamanho da ponta de um lápis e consiste na associação de um componente biodegradável (PLGA) com um medicamento, a dexametasona.

O dispositivo, que é implantado dentro do olho, usa a tecnologia de liberação prolongada de medicamento, fazendo com que ele se dissolva dentro do olho por aproximadamente 6 meses, sem a necessidade de o paciente usar colírios ou medicamentos orais durante este período.

O implante, resultado de dez anos de pesquisas, foi testado em 10 pacientes que participaram do primeiro estudo clínico da nova técnica.

Os resultados mostraram que o implante age em doenças vasculares da retina que levam à redução da visão e, em casos mais avançados, à redução da cegueira.

O tratamento poderá beneficiar pacientes portadores de várias doenças da retina, como edema de mácula (inchaço na área central da retina decorrente de oclusão vascular), retinopatia diabética, uveíte (inflamação da úvea, formada pela íris, corpo ciliar e coroide), degeneração macular e outras.

Várias dessas doenças afetam a população mais idosa, entre 50 e 70 anos - também serão beneficiados pacientes que sofrem de toxoplasmose ocular, degeneração macular relacionada à idade e retinite por citomegalovírus eendoftalmite.

Além dos olhos

Mas a técnica é muito versátil, e poderá ser aplicada em outras terapias.

Embora inicialmente esteja destinado para o tratamento de doenças da retina, o implante poderá futuramente ser utilizado no tratamento de doenças localizadas em outros órgãos e tecidos do corpo, podendo melhorar o tratamento e evitar efeitos adversos decorrentes da administração sistêmica de medicamentos.

Agora os pesquisadores prosseguirão para a segunda parte da fase de estudos, cujo início está previsto para janeiro de 2014, quando poderão participar em torno de 50 pacientes.

Também não há ainda previsão para início da comercialização, mas os testes clínicos em pacientes estão em fase avançada, o que constitui um pré-requisito para sua liberação.

VISEU: ENTREGA DE FOLHETO EM BRAILLE


A Secção de Programas Especiais do Destacamento Territorial de Lamego, no dia 13 de novembro de 2013, no Agrupamento de Escolas Dr. José Leite de Vasconcelos – Centro Escolar de Tarouca, procedeu a mais uma entrega do “Folheto Escola Segura”, em Braille a um aluno invisual, que frequenta o 2º ano de escolaridade.
Na ação estiveram presentes alunos com necessidades especiais, docentes e auxiliares, que congratularam esta iniciativa levada a cabo pela GNR.
A preocupação desta força de segurança em levar ao conhecimento desta franja da comunidade escolar, os procedimentos de segurança a observar no âmbito do Programa Escola Segura é uma prioridade constante.
 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Governo cria programa de formação para deficientes


  
O Governo vai avançar com um programa de formação de assistentes pessoais, com vista a apoiar as pessoas com deficiência que pretendam ter uma vida ativa independente, anunciou o secretário de Estado da Solidariedade.

Em resposta a uma pergunta do deputado do CDS-PP Raul de Almeida, o secretário de Estado da Solidariedade anunciou que o Governo tem uma série de medidas previstas de apoio à empregabilidade das pessoas com deficiência, nomeadamente em relação àquelas que pretendam ter uma vida ativa independente.

"Juntamente com a União das Misericórdias e o Instituto de Emprego [e Formação Profissional], lançámos um programa de formação de assistentes pessoais, que entrará em vigor no dia 01 de janeiro de 2014, e que desde já vai envolver 300 pessoas em formação, com um total de 3.700 horas de formação", revelou Agostinho Branquinho.

No âmbito do programa de emprego e de apoio à qualificação de pessoas com deficiência, "há perto de 5 mil pessoas envolvidas em programa de formação, o que significa um aumento superior a 30% em relação ao ano passado", revelou Agostinho Branquinho.

O secretário de Estado disse ainda que esta medida está em sede de aprovação e que os fundos deverão sair do Programa Operacional Potencial Humanos (POPH).

Segundo um relatório europeu divulgado hoje, as pessoas com deficiência em Portugal têm uma taxa de risco de pobreza 25% superior à das pessoas sem qualquer deficiência, consequência da atual crise económica.

O "Estudo de avaliação do impacto dos planos de austeridade dos Governos europeus sobre os direitos das pessoas com deficiência" aponta que "mais de 1 em cada 5 pessoas com deficiência encontram-se em risco de pobreza na União Europeia (21%)" e sublinha que essa percentagem é superior à que se verifica "na generalidade das pessoas sem deficiência (14,9%) ".

Por outro lado, há uma tendência "para que as pessoas com deficiência sejam contratadas a prazo, recebam salários mais baixos e, consequentemente, tenham uma maior insegurança económica".

Em matéria de serviço sociais, e no que diz respeito a Portugal, o relatório diz que "os apoios para os serviços de intervenção precoce da Segurança Social sofreram uma redução entre 160 euros e 240 euros por criança".

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

lançamento de 3 livros, da coleção “Meninos Especiais”

No dia 16 de novembro, pelas 17:00, no Fórum da Maia, a Associação Pais-em-Rede festejará os seus 5 anos de existência. Em simultâneo será feito o lançamento de 3 livros, da coleção “Meninos Especiais”, com a colaboração do jornalista Mário Augusto.
Pode confirmar a sua presença através do email perporto@paisemrede.pt
 


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Subsídio de educação especial


As regras de atribuição do subsídio de educação especial sofreram algumas alterações. Este procedimento serviu, até há pouco tempo, para garantir alguns apoios especializados, designadamente, apoio psicológico e terapia da fala, a alunos oriundos de famílias em situação socioeconómica desfavorecida. Por outro lado, permitia gerir os poucos recursos destes apoios normalmente disponibilizados pelos serviços do Ministério da Educação e Ciência através de protocolos com os Centros de Recursos para a Inclusão (CRI). 
Os procedimentos parecem sofrer algumas alterações com a entrada em vigor do presente protocolo. Esperemos que seja para facilitar o acesso aos apoios, para bem dos alunos beneficiários.

Lei da educação especial vai ser repensada


terça-feira, 5 de novembro de 2013

Vivendo um dia sem enxergar

 

Uma exposição chamada de “Mostra Invisível”(Nevideltiná Výstava), atualmente aberta ao público na capital da República Tcheca, Praga, leva o espectador a refletir e sentir-se como um cego. A extraordinária ideia de possibilitar ao público essa experiência resulta em uma descoberta de um mundo vivido na escuridão, mas que é tão rico e emocionante, basta saber viver.

Após visitar uma sala com informações sobre artistas que perderam a visão ou que nasceram sem ela, como Ray Charles, Andrea Bocelli e Steve Wonder, e explicações sobre a criação do Braile, sua introdução em faculdades, bibliotecas etc. Você é levado por um guia cego por um percusso na total escuridão, durante uma hora. É essa a melhor e mais tocante parte.

O início do passeio

Depois de passar por uma porta e uma cortina, somos introduzidos no mundo sem luz, ainda não sabemos para onde “olhar” ou como andar, e sentimos medos, mas após alguns instantes nos sentimos mais confortáveis e prontos para explorar a nova experiência.

Diferentes ambientes, como o interior de uma casa, com sala, quarto, banheiro percorridos sem luz. Usamos o tato, sentimos os objetos, esbarramos uns nos outros, pedimos ajuda e entendemos, ainda mais, a importância da acessibilidade, o quanto é importante, o quanto é essencial, o quanto é básico e percebemos o quanto falta em inúmeras cidades espalhadas pelo mundo.

Durante a conversa com o guia, ele explica como deve ser a ajuda nas ruas, como a pessoa deve ajudar, que segurar na mão é a melhor maneira, falar o nome do ônibus que chega na parada, atitudes simples, mas que fazem a diferença.

Enxergar a arte sem visão. Tocamos esculturas, réplicas de obras famosas de arte e tentamos adivinhar que trabalho é aquele. Pensamos, os museus tem explicações em braile?

A realidade de conhecer uma cidade sem luz

Outro ambiente é a rua. Um som gravado serve de sonoplastia durante a visita, de background para dar mais vivacidade à atmosfera. Buzinas de carros, automóveis e vozes de pessoas, estamos soltos andando na escuridão pelo centro da cidade. Um pouco de sentimento de pânico é percebido entre o grupo que faz parte da visita. Somos ensinados a seguir pelo caminho da voz do guia, que fala constantemente e nos direciona, e por desacostume nos perdemos, depois de encontros de mãos seguimos.

O último ambiente é um bar, sentamos, ainda na total escuridão, o guia nos diz o menu de bebidas e pedimos um café, um chocolate quente, uma cerveja. Tudo preparado e servido na ausência de luz. O pagamento feito por moedas, o troco dado corretamente por quem já foi ensinado a perceber a diferença entre as moedas e seus valores.

O que fica para quem participa desta exposição? Uma descoberta. Não sentimento de piedade e comparações entre uma pessoa que enxerga e outra que nunca “viu”, não! Muito mais um sentimento de grandiosidade, de saber que uma vida pode ser plena, mesmo sendo vivida sem luz. Por outro lado, certificamos que falta muito para facilitar o dia a dia desse grupo da sociedade, será que nas universidades tem livros suficientes em braile? Que os semáforos estão adaptados com sinais sonoros que podem ajudar na travessia?

Saímos de lá com a percepção mais apurada e com o espírito mais questionador para observar se a cidade onde vivemos está ajustada para facilitar e oferecer possibilidades de locomoção para o público que não enxerga como nós.

Roberta Clarissa Leite
Escreve também para o Cursodeingles.net

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Ouvir com os olhos, ver com o tacto, tocar com a imaginação no Ecomuseu de Barroso


 
imagem diário @tual

Redacção|CM Montalegre: Foi sob o lema “Ouvir com os olhos, ver com o tacto, tocar com a imaginação” que o Ecomuseu de Barroso assinalou o Dia da Igualdade.

O Ecomuseu de Barroso, desafiou a população para sentir a experiência das pessoas com deficiência através de uma visita ao espaço. Uma proposta, que foi definida pelo vice-presidente da autarquia de Montalegre: «uma boa experiência de nos colocar na pele dos outros». Nesse sentido, David Teixeira lembrou: «no Ecomuseu de Barroso houve essa preocupação, de vestir a pele de alguém que tem características diferentes e que tem uma forma diferente de ver a realidade. É interessante, porque mesmo num espaço que se preocupa com sensações e provocar sensações aos nossos visitantes, descobrimos uma coisa muito simples, nós que habitualmente vemos e ouvimos com facilidade nunca nos preocupamos em raciocinar como eles». O autarca frisou ainda: «sai pelo menos daqui uma conclusão e uma proposta em desafiar alguns dos nossos colaboradores a aprender outro tipo de linguagem e comunicação com os visitantes que tem algum tipo de deficiência, neste caso auditiva e visual».

Irene Esteves, responsável pela Divisão Sócio-Cultural da Câmara Municipal de Montalegre, catalogou esta aposta como «muito interessante» porque, reforçou, «normalmente quando se fala em igualdade fala-se em igualdade de género por isso acho que o museu inovou ao falar em igualdade de pessoas com os incapacitados». A reboque, sublinhou: «é um tema que deve ser mais trabalhado nesta área e, pessoalmente, penso que esta primeira comemoração deste dia pode ser uma alavanca para no próximo ano ser comemorado já com outra abrangência e esperemos já com a CERCI a funcionar».

Por sua vez, Fátima Fernandes, vereadora da educação do município, não disfarçou o agrado com esta aposta: «foi uma iniciativa muito interessante, foi uma maneira muito importante de assinalar a data. Tratar da deficiência e dos cidadãos com dificuldades é sempre muito importante. Fez-se uma demonstração em todos os espaços do Ecomuseu e o que pudemos verificar é que o edifício está preparado para receber todos os visitantes, seja qual for o tipo de deficiência». No mesmo tom, concluiu: «aquilo que se verificou é que essas pessoas precisam de um acompanhamento personalizado e é isso que os nossos funcionários estão dispostos a fazer».