Em 1999, há doze anos, Abílio Duarte reivindicava um computador para aquele que era um dos maiores acervos em braille do País, a funcionar na Biblioteca Professor Machado Vilela, em Vila Verde. Hoje há vários PC e Abílio foi um dos responsáveis pela disseminação de um software revolucionário para cegos.
Há pouco mais de uma década, um computador adaptado para utilizadores invisuais custava três mil euros, verba que a Biblioteca Professor Machado Vilela não tinha. Mas depois do apelo lançado por Abílio Duarte, responsável pelo acervo em braille daquela instituição, a autarquia arranjou forma de fornecer o equipamento, indispensável para a pesquisa de livros e acesso à internet.
Ainda assim, muita coisa mudou desde então. Hoje, a biblioteca usa nos seus três computadores um software NVDA, um sistema de leitura do ecrã (através de voz sintética) para Windows, com a particularidade de ser gratuito. E isso deve-se, mais uma vez, à vontade de Abílio.
"Existem vários outros softwares deste género mas custam cerca de 1300 euros, sem contar depois com as actualizações. Ora, se tivermos em conta que é um programa que se destina a uma população com uma elevada taxa de desemprego, é incomportável. Já o NVDA é completamente gratuito e faz praticamente tudo o que os outros programas fazem", justifica.
Abílio Duarte, de 40 anos, estava em Londres quando ouviu pela primeira vez falar do software desenvolvido numa plataforma comunitária em vários países. Quando regressou a Portugal, entrou em contacto com quem trabalhava no projecto, testou-o e envolveu-se. A ele se deve grande parte da divulgação, incentivo e acções de formação para o uso do programa, que pode mudar a vida de muitos invisuais, permitindo-lhes consultar a internet, o e-mail, as redes sociais ou usar o Skype.
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