A Biblioteca Municipal Renato Araújo, de S. João da Madeira, abre na terça-feira ao público um Centro de Leitura Especial dirigido aos cerca de 400 cegos e amblíopes identificados na região.
No dia em que comemora 50 anos de existência, esse equipamento do município passa a dispor de uma sala que, vocacionada para utilizadores com necessidades especiais decorrentes de deficiência visual, lhes proporciona um acesso facilitado à informação e, sobretudo, autonomia na pesquisa e consulta de conhecimento.
Para Rui Costa, vice-presidente da Câmara de S. João da Madeira e responsável pela biblioteca enquanto vereador da Cultura, este serviço é um "contributo para tornar mais acessível a informação em geral e a literatura em particular, cumprindo-se também a função inclusiva da Biblioteca Municipal".
Fonte da Biblioteca Renato Araújo adiantou à Lusa que, em termos práticos, a nova sala funcionará com recurso ao fundo em Braille já disponível nesse espaço, acrescentando-lhe, contudo, "equipamento específico para leitura, ampliação de textos e imagens, pesquisa na internet, audição de livros e elaboração de materiais pelo próprio utilizador".
A aquisição desses recursos implicou um investimento de 23 mil euros financiados em cerca de 90 por cento pela Fundação Calouste Gulbenkian e foi justificada com a indicação de que, segundo a ACAPO - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, existirá em S. João da Madeira e nos municípios mais próximos uma comunidade de cerca de 400 invisuais.
"Espera-se que a implementação deste centro aumente, por um lado, a consciencialização para a inclusão pela diferença", lê-se no documento de apresentação do projeto à Gulbenkian, "e que, por outro, aproxime da biblioteca os públicos que, até este momento, não encontravam a satisfação das suas necessidades culturais e informativas nesta instituição".
A nova estrutura implicará ainda "um serviço de esclarecimento da comunidade local, para dar a conhecer a problemática da deficiência nas suas múltiplas vertentes" e ajudar a criar em torno desse tema "uma imagem desprovida de preconceitos".
O objetivo é também "responder eficazmente às necessidades informativas de públicos relacionados direta ou indiretamente com esta temática, designadamente famílias, educadores, técnicos de reabilitação e técnicos de bibliotecas, entre outros".
Numa primeira fase, a Biblioteca Renato Araújo irá promover visitas domiciliárias e ações de esclarecimento junto da população alvo, para divulgação direta do seu Centro de Leitura Especial.
Na etapa seguinte, incentivar-se-á essa comunidade a tornar-se frequentadora assídua da Biblioteca "e de toda a sua dinâmica cultural".
Sem comentários:
Enviar um comentário