"Isto é amarelo", "não sei que cor é esta", "parece verde, mas não é", "onde está o vermelho?". Bastou colocar uns óculos especiais que ajudam a ver com os olhos de um daltónico para uma coisa tão simples como colorir um desenho se tornar difícil para os alunos do Centro Escolar de Paredes.
Durante esta semana, o "Programa ColorADD nas Escolas", desenvolvido pela ColorADD Social numa parceria com a Câmara de Paredes, esteve no concelho para sensibilizar os mais de 850 alunos do 4.º ano do Ensino Básico para este problema "sem cura" e com implicações na vida diária, enquanto era realizado um rastreio. Os objetivos passam por prevenir o insucesso e abandono escolar precoce, baixas autoestima e autoconfiança e situações de bullying, entre outros.
"Os daltónicos não trocam as cores, confundem-nas. Daqui a pouco já vão ver como é", prometia Bárbara Santos. Primeiro as crianças fizeram testes para avaliar se tinham ou não daltonismo, ao mesmo tempo aprendiam o "alfabeto das cores", os símbolos que ajudam os daltónicos a perceber de que cor são as coisas.
As crianças foram desafiadas a pintar com uns óculos especiais, identificando as cores dos lápis apenas com a ajuda dos símbolos. Saíram laranjas castanhas e bandeiras nacionais todas vermelhas ou verdes e azuis. "As cores ficam iguais. Ter os símbolos nos lápis ajudou muito. Vou explicar o que aprendi aos meus pais e irmãos", promete Beatriz, de 10 anos. "Para os daltónicos é muito difícil distinguir fazer isso", conta Daniel Pereira, da mesma idade.
No Mundo há 350 milhões de daltónicos, sendo que um em cada 10 homens e uma em cada 200 mulheres têm este problema. O projeto, que tem percorrido o país, já rastreou, desde 2014, mais de 33 mil crianças. Ter esta limitação pode criar muitos constrangimentos, realça Bárbara Santos. "Tivemos um caso de um menino que a professora dizia que era burro porque não conseguia entender um mapa. E ele não conseguia descortinar as cores para fazer a análise. Mesmo não intencional, existe bullying não só por parte dos colegas, mas também por parte dos próprios professores", descreve.
"Aprendemos como é que os meninos que têm daltonismo veem as coisas e como fazem para distinguir as cores".
"Estes símbolos ajudam aos daltónicos. Veem tudo iguale é muito difícil para eles. Se conhecesse um daltónico ia ajudá-lo a comprar roupa".
Fonte: JN
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