terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Conheça ideias incríveis de startups que ajudam pessoas com deficiência


Carolina Ignarra, fundadora da Talento Incluir

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 45 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, o que corresponde a quase 25% da população total do país. Cabe à tecnologia, que tem facilitado a vida das pessoas em geral, trazer inovações para tornar a vida das pessoas com deficiência a melhor possível. E temos boas novas: a inclusão digital desse público tem se mostrado cada vez mais ampla.
O Canaltech entrevistou alguns especialistas para entender como a tecnologia assistiva tem ajudado tanta gente, de tantas maneiras. E ela vai muito além do que as opções de leitura em voz alta que você encontra no seu celular.
Para Carolina Ignarra, a fundadora da Talento Incluir — uma consultoria que promove a relação entre profissionais com deficiência e o mercado de trabalho — não há dúvidas que a tecnologia já incluiu o tema acessibilidade nas suas demandas, especialmente quando desenvolve algo para alguém com alguma necessidade específica. “Porém, quando um aplicativo vai atingir a massa, por exemplo, ainda não existe essa preocupação de contemplar as pessoas com deficiência (PCD). Existem projetos que têm pensado nas necessidades de pessoas com deficiência, mas esses são bem pontuais. Aqueles que resolveriam os problemas de todos, inclusive das PCD ainda não se preocupam com o tema”.
No Brasil, ainda há muito caminho a percorrer para ajudar nichos específicos, como os de quem aprendeu sem escutar, sem enxergar, com autismo, déficit de atenção etc. “Mesmo assim temos tentado. Batemos na porta de vários desenvolvedores explicando a necessidade, mas ainda não houve interesse real. Talvez porque os produtos já existentes no mercado já atendem a uma massa significativa e vendem muito a ponto de não despertar interesse nessa extensão do benefício para atender a uma fatia menor que é a população com deficiência. Eles não se negam a fazer de cara, mas na prática não nos atendem”.
Mas o horizonte é de melhora: existe uma melhora muito grande em relação ao preconceito, principalmente porque já temos muito mais informações sobre os potenciais das pessoas com deficiência. “Não somos mais desconhecidos da sociedade. Quando me tornei cadeirante, por exemplo, levei três meses — e eu fui mais rápida que a média — para saber qual o modelo de cadeira de rodas mais adequado para a minha utilização. Para saber, por exemplo, como adaptar o carro para eu poder dirigir levei seis meses”, relata. “Hoje em dia, as pessoas que precisam têm essa informação em poucos cliques com a ajuda da internet. Têm acesso às informações especializadas, preços, modelos, onde comprar muito rapidamente, o que ajuda, inclusive, no processo de adaptação à nova condição. No quarto de hospital, as pessoas já se conectam com outras pessoas e começam a entender como iniciar a reabilitação e como vai ser a vida dela. Isso aumenta a representatividade”, completa.
Carolina ainda conta que, em sua época, teve dificuldade de achar uma pessoa com deficiência para trocar experiência. “Hoje a tecnologia por meio de canais como as redes sociais nos aproximou. Antes das redes sociais, a cultura do nosso país ficava presa às redes de TV e nos jornais. Era só o que chegava e as pessoas com deficiência não estavam na pauta”.
A era digital possibilitou mais qualidade às pessoas com deficiências severas, a ponto de impactar sua independência nas ruas, e a tecnologia tem ajudado também na prática, conectando pessoas e trazendo ferramentas bastante úteis, como assistentes de leitura e apps que traduzem LIBRAS, por exemplo, para melhorar a comunicação. E comemora: "[Essas tecnologias] Trazem novas oportunidades não só de trabalho, mas todo o resto que podemos acessar no mundo digital”.

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