terça-feira, 27 de junho de 2017

DESENVOLVER COMPETÊNCIAS LINGUÍSTICAS RELEVANTES

A linguagem constitui um dos principais veículos de aprendizagem da criança com cegueira. Os conhecimentos adquiridos pela criança são, em grande parte, veiculados pela linguagem, já que a ausência de visão restringe a aprendizagem incidental e todas as dinâmicas de interação dependentes da visão.
Apresentamos, aqui, alguns dos aspetos que consideramos essenciais para o desenvolvimento comunicativo e linguístico da criança com cegueira:
  • Relações privilegiadas do recém-nascido com os principais prestadores de cuidados: Uma situação de cegueira poderá condicionar o recém-nascido na interação social com os principais prestadores de cuidados (Hatwell, 2003) e, por isso, os pais deverão investir no toque e no diálogo com o bebé.
  • Descrever todas as situações, gestos, expressões e ambientes  para que a criança apreenda o seu  meio envolvente.
  • Utilizar as experiências de vida da criança: São as experiências vivenciadas pela criança que vão permitir que se aproprie do seu contexto (Castellano, 2000). Nestas vivências, a criança deverá ter um “mediador” que lhe explique tudo o que toca e vivencia. Experiências significativas e de qualidade enriquecem o vocabulário compreendido e utilizado no discurso da criança (Koenig & Holbrook, 2002).
  • Explorar e experimentar objetos e atividades nas suas múltiplas dimensões: Quanto mais um conceito é abordado, nas suas diversas dimensões, maior e melhor se torna a sua compreensão (Rigolet, 1998). No caso de crianças com cegueira é fundamental a área do desenvolvimento de conceitos, sendo essencial que a criança perceba todas as suas dimensões. As experiências prévias e concretas ajudarão a criança a fazer a ligação com o que se verbaliza.
Um exemplo com Compota de Manzana, de Klaas Verplancke:
Explicar à criança como se faz uma compota de maça poderá ser uma experiência riquíssima ao nível da formação de conceitos e do desenvolvimento da linguagem. A experiência poderá começar no jardim com a apanha das maçãs da macieira (a árvore que dá as maças), que é tão alta, tão alta que só às cavalitas do pai as conseguimos alcançar…
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Na cozinha podemos conversar sobre as maçãs: a sua forma, cor, textura, cheiro… A criança poderá perceber que cortando a maça a mesma adquire novas formas …
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Na panela ao lume, a maçã transforma-se na compota juntamente com outros ingredientes. E, claro, podemos provar, diretamente da panela, e a criança apercebe-se de como está quente e como o cozimento alterou a textura da maça crua.
iii
No fim, poderá ser interessante ouvir uma história em voz alta ou explorar um álbum tátil ilustrado sobre a experiência prévia da criança. Em alternativa, podem, também, construir a vossa própria história recorrendo a objetos reais ou figuras representativas com texturas.
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Boas conversas, boas experiências e boas leituras!

Mais informações sobre este tema em: 

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