Algumas adaptações na casa onde moram pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida são necessárias para proporcionar autonomia e tornar a vida mais fácil.
A NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas trata exclusivamente do assunto e traz todas as referências a respeito das modificações em edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Veja as principais mudanças a serem feitas:
1-Pessoas que usam cadeiras de rodas ou mesmo andadores e bengalas e também com visão comprometida têm muita dificuldade para se locomover em pisos inclinados ou em espaços com escadas. Portanto, a primeira modificação é providenciar rampas e o nivelamento de pisos. Prefira sempre pisos antiderrapantes e elimine todos os tapetes da casa. No caso das rampas, há um padrão adequado para a sua construção. Do contrário, um cadeirante, por exemplo, não vai conseguir conduzir sozinho sua cadeira, pois não terá força suficiente para impulsioná-la em aclives e falta de segurança em declives. Uma rampa apropriada para cadeirante deve ter, no máximo, 8% de inclinação. Em espaços públicos, a rampa deve oferecer ainda patamares de descanso.
Em uma residência, a construção de rampas nem sempre é viável por conta da falta de espaço suficiente. Quanto maior o desnível, mais longa é a rampa. Neste caso, é preciso fazer um estudo detalhado do imóvel para oferecer patamares com espaço suficiente para um cadeirante poder manobrar sem risco de acidente. Há ainda a oferta de plataformas elevatórias, cadeiras elevatórias ou elevadores residenciais. Mas o custo infelizmente ainda é alto.
2-Corredores largos são essenciais também. Cadeirantes, pessoas com bengalas, muletas ou andadores precisam de, no mínimo, um metro para se locomoverem sem se chocar com as paredes.
3-Para cadeirantes são essenciais também utilizar portas mais largas – 90 cm no mínimo. O peitoril de janela pode baixar para 70 cm de altura para cadeirantes, mas não é ideal para idosos ou crianças que circulam bem.
4-Portas e janelas devem ter maçanetas e puxadores especiais para o caso de a pessoa não ter braços ou mãos com atividade plena. No caso de residência para cadeirante, aconselha-se ainda a proteção metálica ou reforçada para a parte inferior das portas. Isso aumenta sua vida útil, já que pequenas colisões da cadeira são inevitáveis.
5- Nos dormitórios, prefira móveis de cantos arredondados para evitar ferimentos. Closet ou guarda-roupas devem ter projeto especial para facilitar o acesso a calçados e roupas. Acessórios que facilitam a manipulação e acomodação de cabides já existem no mercado. O ideal é contar com móveis de portas de correr, pois ocupam menos espaço e são mais práticas, em especial para os cadeirantes. Para eles, é preciso prever ainda o espaço de circulação da cadeira (1,5 m x 1,5 m é o mínimo para uma cadeira de rodas girar em seu próprio eixo). Ele deve ser suficiente para a manobra livre e a transferência da pessoa para a cama. Por isso, o ideal é que a cama não seja encostada na parede. O mesmo espaço é exigido nos banheiros.
6- Tomadas e principalmente interruptores de luz devem estar na altura adequada para o deficiente alcançá-los. O ideal é fazer o projeto personalizado. Controles, botões, teclas e similares devem ser acionados através de pressão ou de alavanca.
7- No banheiro, os cuidados são redobrados. Além do piso antiderrapante é preciso providenciar barras de apoio. Mas antes de comprar tais barras, o consumidor deve estar atento à qualidade. As barras devem atender à Norma 9050 da ABNT – que estabelece dimensões e resistência apropriadas – e ainda às normas NBR 10283 e NBR 11003, que se referem à resistência à corrosão. As barras devem ser inteiramente de aço inox, incluindo suportes e parafusos de fixação sextavados. Do contrário, o risco de oxidação e de acidente é certo. As barras também devem ter empunhadura correta para evitar que a pessoa prenda o braço entre a alça e a parede, causando fratura.
8- Há no mercado inúmeros modelos de barras com as mais variadas funções. Em lojas especializadas há também suportes para lavatório, espelhos com inclinação (por ficar permanentemente sentado, o cadeirante tem dificuldade de utilizar espelhos planos), bancos articulados para banho (porque nem toda pessoa com mobilidade reduzida consegue tomar banho em pé), elevação para vaso sanitário (assentos mais altos para facilitar a transferência da cadeira para o vaso sanitário) e metais sanitários (torneiras, registros etc.) com sistema de acionamento diferenciado.
Projetos mais sofisticados oferecem ainda a instalação nos banheiros de sistema de comunicação interna na residência – interfone – para casos de emergência.
9- Na cozinha, um bom projeto deve dar garantia de circulação segura, aproximação e alcance dos utensílios. As pias devem possuir altura de no máximo 85 centímetros, com altura livre de, no mínimo, 73 centímetros. Bancada posicionada no centro da cozinha confere maior praticidade, principalmente se o fogão ou cooktop estiver nela – o acesso às bocas fica mais fácil. O melhor é utilizar fogões, fornos ou cooktops elétricos, pois, sem a presença do fogo na cocção, o trabalho torna-se mais seguro.
10- Além dos pisos antiderrapantes, se a pessoa sofrer de deficiência visual, uma boa solução é usar materiais de cores contrastes para alertar sobre a presença de degraus ou qualquer outra alteração no piso ou ainda nas paredes. Para estes usuários é importante também o uso adequado de texturas nas paredes. Mas, no geral, é correto evitar revestimentos ásperos que podem machucar.
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