Depois de uma interrupção de alguns anos, a VISÃO braille volta a circular e, desta vez, acompanhada da VISÃO JÚNIOR. Contámos-lhe aqui os processos, antigos e precisos, da transcrição do alfabeto romano para o braille.
Apesar de todas as inovações tecnológicas, que facilitaram o acesso dos invisuais á informação, o papel ainda é querido e procurado. Daí que tenha regressado a parceria da VISÃO com a Santa Casa da Misericórdia do Porto, para o regresso à circulação da edição em braille da revista.
“Recebíamos muitas solicitações para reativar esta publicação”, explicou João Belchior, diretor do CPAC - Centro Professor Albuquerque e Castro, onde funciona a gráfica especializada na produção de materiais braille. Debaixo da alçada da Misericórdia do Porto, este departamento tem já um longo espólio de edição e, nos últimos anos, tem investido também na produção de materiais infantis de dupla leitura, que podem ser usados por norma visuais e por cegos. Criaram também revistas próprias, como a Enigma, de passatempos para cegos.
E agora, de novo, a VISÃO, mais a sua extensão JUNIOR. A primeira terá 950 exemplares por edição e será de periodicidade mensal. A segunda andará pelos 750 exemplares e será publicada de dois em dois meses. A maioria estará disponível em várias instituições e bibliotecas nacionais. Mas cerca de um terço circulará por 34 países diferentes, nomeadamente os países de expressão portuguesa.
Bernardino Pacheco foi o nosso guia nesta viagem à gráfica que transcreve e imprime cerca de 80 páginas braille com oito artigos da VISÃO.
1. SELECIONAR OS ARTIGOS E TRANSCREVER
Há 27 anos que Teresa Mesquita faz a transcrição para os seis pontos do alfabeto braille, que conhece de cor e salteada. Vai teclando com as duas mãos, de modo a passar as palavras do papel para as placas de alumínio, já dobradas à medida. Socorre-se da ajuda de uma máquina muito antiga, que Bernardino Pacheco, o responsável gráfico, assegura ser única no país. Quando se engana, Teresa tem de apagar o erro com martelo e punção, duas ferramentas de apoio. Com este processo, a VISÃO demora oito ou nove horas a imprimir, quando através de um processo informático demoraria 15 dias.
2. REVISÃO
Já depois de transcrito, o artigo é lido várias vezes, corrigindo erros e omissões. Pelo menos uma vez, a revisão é feita em simultâneo a partir do papel e do braille, para que se faça o confronto e fique assegurado que não falta nada. Se houver correções a fazer, o processo volta à chapa de alumínio e de novo à revisão. António Santos, invisual, revê textos há 33 anos (tem 58). Dá-lhe gozo o que faz, porque sempre gostou muito de ler. Também já lê muito do que está no digital, com uma aplicação do telemóvel que lhe lê de viva voz os artigos.
3. IMPRESSÃO
A máquina, data de 1972, mas “continua a ser altamente funcional”, como diz Bernardino Pacheco. Foi adaptada para braille, com ausência de tinta, para que a pressão sobre as chapas consiga o relevo necessário do alfabeto braille no papel, sem furar. O papel é especial, com uma gramagem superior ao normal.
4. DOBRAGEM E MONTAGEM
As folhas são dobradas, manualmente. São depois colocadas numa mesa grande em montes que correspondem a um número de páginas. E, de seguida, ordenadas folha a folha, até ao nº 80, a totalidade de páginas que geralmente tem a VISÃO braille. Por vezes, é preciso uma dezena de pessoas para fazer este trabalho tão minucioso e cuidado, para que a VISÃO chegue aos seus leitores em condições impecáveis. Só depois é agrafado e devidamente embalado em plástico de bolhas, seguindo para a distribuição, feita gratuitamente pelos CTT.
“Recebíamos muitas solicitações para reativar esta publicação”, explicou João Belchior, diretor do CPAC - Centro Professor Albuquerque e Castro, onde funciona a gráfica especializada na produção de materiais braille. Debaixo da alçada da Misericórdia do Porto, este departamento tem já um longo espólio de edição e, nos últimos anos, tem investido também na produção de materiais infantis de dupla leitura, que podem ser usados por norma visuais e por cegos. Criaram também revistas próprias, como a Enigma, de passatempos para cegos.
E agora, de novo, a VISÃO, mais a sua extensão JUNIOR. A primeira terá 950 exemplares por edição e será de periodicidade mensal. A segunda andará pelos 750 exemplares e será publicada de dois em dois meses. A maioria estará disponível em várias instituições e bibliotecas nacionais. Mas cerca de um terço circulará por 34 países diferentes, nomeadamente os países de expressão portuguesa.
Bernardino Pacheco foi o nosso guia nesta viagem à gráfica que transcreve e imprime cerca de 80 páginas braille com oito artigos da VISÃO.
1. SELECIONAR OS ARTIGOS E TRANSCREVER
Há 27 anos que Teresa Mesquita faz a transcrição para os seis pontos do alfabeto braille, que conhece de cor e salteada. Vai teclando com as duas mãos, de modo a passar as palavras do papel para as placas de alumínio, já dobradas à medida. Socorre-se da ajuda de uma máquina muito antiga, que Bernardino Pacheco, o responsável gráfico, assegura ser única no país. Quando se engana, Teresa tem de apagar o erro com martelo e punção, duas ferramentas de apoio. Com este processo, a VISÃO demora oito ou nove horas a imprimir, quando através de um processo informático demoraria 15 dias.
2. REVISÃO
Já depois de transcrito, o artigo é lido várias vezes, corrigindo erros e omissões. Pelo menos uma vez, a revisão é feita em simultâneo a partir do papel e do braille, para que se faça o confronto e fique assegurado que não falta nada. Se houver correções a fazer, o processo volta à chapa de alumínio e de novo à revisão. António Santos, invisual, revê textos há 33 anos (tem 58). Dá-lhe gozo o que faz, porque sempre gostou muito de ler. Também já lê muito do que está no digital, com uma aplicação do telemóvel que lhe lê de viva voz os artigos.
3. IMPRESSÃO
A máquina, data de 1972, mas “continua a ser altamente funcional”, como diz Bernardino Pacheco. Foi adaptada para braille, com ausência de tinta, para que a pressão sobre as chapas consiga o relevo necessário do alfabeto braille no papel, sem furar. O papel é especial, com uma gramagem superior ao normal.
4. DOBRAGEM E MONTAGEM
As folhas são dobradas, manualmente. São depois colocadas numa mesa grande em montes que correspondem a um número de páginas. E, de seguida, ordenadas folha a folha, até ao nº 80, a totalidade de páginas que geralmente tem a VISÃO braille. Por vezes, é preciso uma dezena de pessoas para fazer este trabalho tão minucioso e cuidado, para que a VISÃO chegue aos seus leitores em condições impecáveis. Só depois é agrafado e devidamente embalado em plástico de bolhas, seguindo para a distribuição, feita gratuitamente pelos CTT.
fonte: sapo.pt
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