Quase metade dos deficientes
visuais dependem de uma prestação social, valor que aumenta para mais de 80%
quando estão em causa pessoas em isolamento social, revela um estudo da
Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO).
O estudo, sobre a “Prestação
de serviços e a promoção da vida independente”, foi feito entre os sócios e
utentes da ACAPO com mais de 16 anos, tendo sido validados 1.325
questionários.
Da totalidade das pessoas
inquiridas, 58% são cegos e 42% têm baixa visão e mais de metade (55,7%) são
homens. A idade média das pessoas com baixa visão é de 44 anos e das pessoas
cegas é de 53 anos, sendo que 42% adquiriu a deficiência visual até aos cinco
anos.
Os dados da ACAPO revelam que
para quase metade (49%) dos deficientes visuais em idade ativa (16-64 anos) a
principal fonte de rendimento é uma prestação da segurança social, valor que
aumenta para 81% entre as pessoas que vivem em isolamento social (22% do
total).
A caracterização destes
inquiridos revela que em mais de metade (52%) dos casos adquiriram a deficiência
visual depois dos 15 anos, têm em média 55 anos, vivem maioritariamente (59%) em
meio urbano, em 95% dos casos não têm ninguém com quem possam sair e 75% não
pode estar com familiares ou amigos quando quer.
A nível laboral, o estudo
mostra que há uma grande diferença entre a taxa de atividade do conjunto da
população e os deficientes visuais com idade activa.
“Em geral, a taxa de atividade
da população em geral é 1,6 vezes superior à taxa de atividade dos deficientes
visuais inquiridos”, lê-se no estudo, que revela, citando dados do Eurostat, que
no primeiro trimestre deste ano a taxa de atividade da população com idade entre
15 e 64 anos era de 73,8%, contra os 46% entre os deficientes visuais
inquiridos.
Por outro lado, também com
base nos dados do Eurostat relativos ao primeiro trimestre, a taxa de emprego
dos deficientes visuais em idade ativa é metade (32,9%) da taxa de emprego entre
a restante população (62,9%).
Já a taxa de desemprego entre
as pessoas com deficiências visuais em idade ativa é cerca do dobro (29%) da
taxa de desemprego entre a restante população (15,6%), quando olhando para o
mesmo período do ano.
De acordo com a ACAPO, a
aquisição da deficiência visual em idade adulta leva a que muitos dos inquiridos
tenham saído do mercado de trabalho, sendo que 79% dos deficientes visuais que
adquiriram a deficiência depois dos 30 anos e têm menos de 64 anos não fazem
parte da população ativa.
“O nível de vida de mais de
três quartos dos inquiridos que não são deficientes visuais de nascença piorou
muito desde que se tornou deficiente”, refere o estudo.
Em termos de saídas
profissionais, o estudo da ACAPO aponta que o “Estado é um agente muito
importante no emprego dos deficientes visuais”, onde trabalham 37% dos
deficientes visuais inquiridos que estão empregados.
Revela, por outro lado, que as
saídas profissionais dos cidadãos com deficiência visual estão concentradas
entre duas profissões: professores, no caso dos licenciados, e telefonistas, no
caso dos níveis escolares mais baixos.
Ao nível da mobilidade, 60%
dos deficientes visuais não são autónomos e têm dificuldade ou não conseguem
andar em espaços públicos não familiares, não usam transportes públicos e têm
dificuldade ou não conseguem subir ou descer escadas.
O estudo da ACAPO vai ser
apresentado segunda-feira, quando se assinala o Dia Internacional das Pessoas
com Deficiência.
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