quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Programa para eliminação da deficiência visual evitável

Quase 40 milhões de pessoas no mundo estão desnecessariamente cegas e outras
240 milhões têm baixa visão. Praticamente 285 milhões de pessoas com deficiência
visual vivem em países em desenvolvimento e sofrem de erros de refração não
corrigidos e catarata.
Mas a Unidos pela Visão, uma empresa social localizada em New Haven, Connecticut, está
fortalecendo comunidades ao redor do mundo para melhorar os cuidados dos olhos e
diminuir as possibilidades de deficiência visual. A organização assegura
tratamento oftalmológico – seja com medicação, uma cirurgia de restauração da
visão a 150 dólares ou até mesmo um par de óculos – para pacientes que vivem em
situação de pobreza em Gana, Índia, Honduras e também nos EUA e Canadá.
Mais de 1,3 milhões de pessoas no mundo superaram as barreiras de cuidados
com os olhos através dos serviços oferecidos pela Unidos pela Visão,
podendo elas pagar ou não pelo serviço – a conta sempre foi coberta pela
organização social.
A pobreza, com frequência, cobra um preço que impede muitos de chegar aos
serviços de saúde. Moradores rurais podem levar metade do dia para chegar a um
centro qualificado de cuidados oftalmológicos e mesmo que eles tenham recursos
para pagar pelo serviço, geralmente não podem (ou não querem) gastar suas
preciosas horas de trabalho em trânsito.
Outros têm medo de médicos, abalados com a falta de informação sobre
procedimentos cirúrgicos; há um mito difundido na África do Oeste de que a
cirurgia de catarata envolve a substituição do olho danificado por um olho de
cabra.
“Muitos pacientes (em países em desenvolvimento) acham que quando seus
cabelos ficam grisalhos, seus olhos ficam pálidos – um sintoma da catarata
avançada,” disse Jennifer Staple-Clark, visionária e empreendedora social da
Unidos pela Visão e vencedora do desafio “Mais Saúde” do Changemakers da Ashoka.
“Eles pensam que faz parte do envelhecimento e que nada pode ser feito.”
As barreiras que os pacientes apresentam em relação aos cuidados de saúde
causam milhares de perdas de visão a cada ano, mas há esperança. “Na verdade,
uma cirurgia de catarata de 15 minutos restaura a visão de uma pessoa por
completo”, diz Staple-Clark, e completa explicando que 80% das questões ligadas
aos olhos dos pacientes são de fácil prevenção.
Staple-Clark primeiro sonhou em eliminar a deficiência visual em 2000,
enquanto estudava no segundo ano na Yale University, trabalhando como assistente
de pesquisa em uma clínica de olhos de New Haven. Embora a maioria de seus
pacientes tivesse seguro de saúde e tivesse feito exames médicos de rotina, eles
sofriam de glaucoma, uma doença ocular que resulta em cegueira se não tratada.
Os pacientes de Staple-Clark frequentemente expressavam arrependimento por nunca
ter visitado um optometrista, uma experiência que a motivou a fundar uma
organização estudantil que conectasse os membros da comunidade de New Haven com
programas de cuidados da saúde com cobertura nacional através da Academia
Americana de Oftamologia e da Associação Americana de Optometria. O trabalho da
estudante foi tão bem sucedido que Staple-Clark ampliou seu modelo de cuidado
dos olhos para 50 divisões de Universidades nos Estados Unidos e Canadá. Hoje, a
Unidos pela Visão investe recursos humanos e financeiros em clínicas
oftalmológicas locais para oferecer serviços de qualidade de cuidados com os
olhos (incluindo exames, diagnóstico, tratamento e cirurgia) para aqueles que
vivem em situação de pobreza.
“Nossos colaboradores atendem entre 100 e 300 pacientes por dia em qualquer
lugar”, Staple-Clark disse ao Changemakers. “Em um ano, oftalmologistas,
enfermeiras e optometristas da Unidos pela Visão chegam às regiões rurais para
oferecer tratamento presencial, além de transportar pacientes que precisam de
cuidados e cirurgia avançados nos centros em grandes cidades tais como
Acra.”
O programa da Unidos pela Visão em Gana é apoiado por 45 oftalmologistas do país e atualmente
realiza metade de todas as operações aos olhos.

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