Alunas do 11º ano de uma escola de Espinho foram premiadas pela Fundação da Juventude. Agora, vão disputar essa proposta com outros jovens inovadores europeus
Texto de Lusa • 10/07/2014 - 11:53
Em causa está o projecto "Blind Senses [Sentidos Cegos]", com que Ana Lopes, Caroline Alves, Diana Lago, Liliana Oliveira e Sofia Oliveira, alunas do 2.º ano do Curso Profissional de Técnico de Turismo, venceram a competição de ideias inovadoras em contexto de "Turismo e Mobilidade".
Patrícia Martins é a docente que orientou o projecto e, em declarações à Lusa, realça que o "Blind Senses" nasceu da sensibilidade das próprias estudantes, que, após a sua pesquisa, "detectaram uma lacuna na oferta turística do Porto, que é o facto de não haver roteiros para este tipo específico de público".
"Hoje em dia dá-se muito destaque às sensações no que se refere a spas, programas de bem-estar ou gastronomia, mas a realidade é que não se explora isso na perspectiva das pessoas que, por não terem visão, até têm os outros sentidos mais apurados", explica a professora.
Ana Lopes, porta-voz as autoras do projecto Blind Senses, confirma que o objetivo do grupo era "criar algo diferente, que incluísse todo o tipo de turistas e permitisse que os não podem ver pudessem conhecer na mesma o Porto, nas suas diferentes formas".
A parte mais divertida na concretização dessa proposta foi "experimentar as coisas de olhos fechados", como se as cinco estudantes fossem invisuais, e a mais decepcionante foi cortar no número de itens inicialmente previsto para o roteiro, "ou porque tinham acessibilidades difíceis, ou porque eram muito caros".
Ana Lopes garante que o roteiro definitivo propõe, ainda assim, "experiências muito boas", como a degustação de uma francesinha num estabelecimento reputado, para potenciar a descoberta de uma das maiores tradições da cidade ao nível do paladar.
Já no que se refere à audição e ao olfacto, por exemplo, o percurso do "Blind Senses" inclui passagens pela Praça da Ribeira, para vivência do Douro, e continua pelo Mercado do Bolhão, onde Patrícia Martins diz que se irá apreciar "o aroma das frutas, das flores, e também o bulício próprio da clientela e os pregões dos comerciantes".
O tacto, por sua vez, estará em destaque na Igreja de S. Francisco, onde os turistas invisuais à descoberta do Porto terão oportunidade de tocar a talha dourada e sentir as pedras dos claustros, numa experiência potenciada "por luvas de algodão".
Terá sido por esses e outros detalhes que o júri da Fundação da Juventude distinguiu o Blind Senses. "[O projecto] foi escolhido por unanimidade pela sua criatividade, inovação e exequibilidade", lê-se no site desse organismo. "É inclusivo, criativo e de fácil implementação, tendo as alunas feito uma abordagem muito profissional e com pleno domínio dos conteúdos", acrescenta.
A disponibilização efectiva deste circuito está dependente, contudo, da sua dinamização por empresas e entidades do sector do turismo e hotelaria. Patrícia Martins revela que o projeto já foi apresentado a algumas empresas, mas desconhece ainda o que possa vir a resultar desse contacto.
Certo é que, no arranque do próximo ano lectivo, as autoras do Blind Senses começarão a preparar a sua participação no concurso em que o projecto premiado pela Fundação da Juventude "deverá competir com as propostas que venceram em Espanha e Itália" - os países que, com Portugal, integram o cluster Sea Cities [Cidades Marítimas].
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