sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Históriaspara todos


Os Três Porquinhos
é o primeiro título da coleção ”Histórias de sempre para toda a gente”, coleção pensada com muito entusiasmo para ajudar os mais pequeninos cegos a iniciarem o seu percurso de aprendizagem da leitura e da escrita.

Por isso, são histórias para tocar, sentir e ler com a pontinha dos dedos. Com figuras em relevo para destacar e colar, atividades para explorar e pontinhos mágicos para ler, criamos um livro dinâmico que se vai criando e explorando.

Um livro para todos, para ler, tocar e cheirar, que irá transformar as primeiras leituras, em momentos mágicos de brincadeira e diversão.


Pais visuais com filhos cegos

As experiências da primeira infância são muito importantes para o desenvolvimento global e harmonioso de qualquer criança e, em particular, para o desenvolvimento da linguagem. Por isso, a presença dos pais e educadores nestes primeiros tempos promove a capacidade da criança para “ler o mundo” (Rosenketter, 2004:4).

Quando a criança não vê, a informação visual sobre o ambiente à sua volta e as pessoas que dele fazem parte é-lhe inacessível. Assim o maior desafio com que se deparam os pais destes bebés é dar-lhes a conhecer o mundo que os rodeia, através da estimulação motora e sensorial. A presença e a disponibilidade são palavras-chave nestes primeiros tempos.

Disponíveis para interagir com os seus bebés, e tendo presente a importância de se focarem no que a criança tem e não no que lhe falta, os pais vão aprendendo a conhecer o seu bebé e sendo capazes de lhe fornecer pistas importantes para a sua aprendizagem.

Ao longo do dia surgem naturalmente inúmeras oportunidades de aprendizagem: a hora do banho, onde esponjas de diferentes formas e espumas de diferentes aromas podem fazer da higiene um momento de diversão; a hora da refeição, onde o paladar, o olfacto e o tacto vão ajudar a identificar os diferentes alimentos; ou a hora de dormir, onde as canções de embalar irão ajudá-los a relaxar com o conforto das músicas que aos poucos se vão tornando familiares.

No âmbito da aprendizagem, o momento de contar ou ler histórias representa uma excelente oportunidade não só de aprendizagem mas também de bem-estar.


Para a criança que não vê, ouvir histórias permite aceder - através de um estímulo que lhe é acessível, a voz - a informações importantes, tais como rotinas, emoções e sentimentos. Se estimularmos simultaneamente os outros sentidos (tacto, paladar, olfacto), estamos a facilitar a aprendizagem, pois as crianças serão capazes de reconhecer tudo o que não vêem através de pistas que lhe são acessíveis.

Da mesma forma se associarmos às histórias pistas auditivas, tácteis (por exemplo, elementos tridimensionais que correspondem a objectos da história) e olfactivas, estamos a facilitar e a promover as oportunidades de descoberta e de compreensão do enredo da história e das suas personagens, que na primeira infância retratam muitas vezes a vida familiar.

Ao incluirmos algumas palavras em braille estamos a preparar e a facilitar, através deste contacto precoce, a sua futura aprendizagem.


Através das histórias, em particular quando são contadas, é possível trabalhar as expressões faciais (por exemplo, fazendo um sorriso nas carinhas dos nossos pequeninos) ou até mesmo ajudar as crianças na execução de alguns movimentos, como bater palmas, rodar, andar, correr. Por tudo isto, as histórias infantis representam uma excelente oportunidade de diversão, interacção, bem-estar e aprendizagem.


Pais cegos com filhos visuais

No caso das crianças visuais, filhas de pais cegos, a comunicação baseada na voz é possível. Por isso o bebé percebe que existe uma resposta associada aos seus primeiros sons, como o choro e os arrulhos.

No entanto, e porque estes pequeninos respondem igualmente a estímulos visuais, é importante que os pais usem e abusem de toda a linguagem não-verbal quando interagem com os filhos, nomeadamente expressões faciais e linguagem corporal, ainda que este tipo de estímulo visual seja inacessível para os progenitores.

Na verdade, através das expressões faciais, os bebés também aprendem a conhecer se a mãe está triste, alegre ou até zangada. Desta forma, o bebé está a compreender que as pessoas têm diferentes sentimentos e emoções, e que isso faz parte da vida.

A percepção do dia e da noite é facilitada pela ausência ou presença da luz. Por isso, o facto de os pais ligarem as luzes nas suas casas ajuda ao desenvolvimento desta percepção e permite que o bebé continue a receber a informação visual da sua envolvente: das pessoas, dos brinquedos e do seu espaço.

Por outro lado a comunicação é muito facilitada pelos estímulos auditivos (rádio, brinquedos sonoros), bem como pelos sons exteriores que se vão ouvindo durante os passeios e sobre os quais é possível falar: os pássaros, os carros, etc. Desta forma, o bebé vai associando o som ao nome do objecto e ao objecto em si. E aos poucos, vai desenvolvendo a sua linguagem.

As histórias infantis, tanto contadas como lidas, são actividades privilegiadas não só para o desenvolvimento da linguagem como para a criança se aperceber do enredo através dos outros sentidos.


Além disso, através das histórias é possível não só apresentar outras famílias com pais cegos, permitindo que a criança compreenda melhor a sua realidade, como explicar que através dos outros sentidos é possível receber informação tão importante como a informação visual.

Por um lado, a ilustração fornece pistas visuais importantes para a compreensão da história, mas por outro é possível perceber e colorir ainda mais o enredo através de descrições olfactivas, gustativas e tácteis.

Quando o braille existe em simultâneo com o texto a negro, permite que a criança e os seus pais partilhem o mesmo livro. Os pequeninos vão aprendendo que, da mesma forma que as letras todas juntas formam palavras, e estas formam frases e histórias, possíveis de ler, os pontinhos do braille traduzem todas essas palavras e possibilitam igualmente a leitura, mas… na ponta dos dedos

http://www.cuckoo.pt/

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