Estima-se que em Portugal haja cerca de dois milhões de pessoas que sofrem de miopia. Dessas, apenas três por cento usam lentes de contacto nocturnas para corrigir o problema.
A terapia corneal refractiva (TCR) é uma técnica não cirúrgica que permite, através do uso nocturno de lentes de contacto especialmente desenhadas para o efeito, reduzir a miopia e o astigmatismo dos pacientes.
O segredo está na curva inversa da lente, que, em vez de acompanhar em paralelo a curvatura do olho, tem uma geometria inversa e, por isso, faz pressão na zona central da córnea. É esta pressão que permite aplanar a curva da córnea e, desta forma, corrigir a miopia, pois os raios luminosos passam a ter o seu foco na retina, o que não acontece com os pacientes míopes.
As lentes, que são aplicadas apenas durante a noite, são rígidas, feitas com materiais de silicone e permeáveis aos gases, o que permite que a córnea respire, pois continua a receber oxigénio.
José Batoca, especialista em optometria, disse ao CM que este é "um processo bastante satisfatório, pois garante uma visão normal depois de tirar as lentes até ao fim do dia e até mais".
O tempo de tratamento varia consoante os valores de miopia e de astigmatismo, mas por norma, até um mês, os pacientes recuperam a sua visão a cem por cento. "Não é um tratamento definitivo. Tem de se utilizar as lentes todas as noites ou, em alguns casos, noite sim, noite não. Mas tem de ser sempre, senão a córnea volta à sua disposição normal."
O MEU CASO: LEONOR ALVES
"ACABARAM OS PARES DE ÓCULOS"
Leonor Alves, de 23 anos, começou a usar óculos há dez anos, quando se apercebeu de que tinha dificuldades em ler o que os professores escreviam no quadro. Licenciada em Relações Internacionais, a jovem, que mora em Oeiras, confessa que nunca gostou de usar óculos. "Tornei-me cada vez mais dependente de óculos. Aquilo que começou por ser apenas um recurso tornou-se indispensável no meu dia-a-dia, fosse a conduzir, na praia ou em concertos", recorda.
O desconforto, aliado ao facto de todos os anos ter de comprar lentes novas, levou-a a procurar outras soluções. "Tentei usar lentes de contacto diurnas, mas fui desaconselhada, porque tenho falta de lágrima e, por isso, não sou uma boa candidata", lembra. Quando já se tinha conformado com a necessidade de usar óculos, Leonor descobriu, através de um amigo, as lentes de contacto nocturnas, que considera "extremamente vantajosas". "Acabaram-se os óculos na minha vida. Vou a todo lado e não tenho qualquer dificuldade em ver sem óculos."
Há quatro meses que Leonor usa as lentes todas as noites.
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