Vencer as barreiras da cegueira Há ainda um longo caminho a percorrer para que pessoas com deficiências visuais estejam totalmente integradas na sociedade. Em entrevista, Carlos Lopes fala de alguns aspectos a melhorar
Ainda não estão garantidas as condições que permitam às pessoas cegas e amblíopes de «participar em sociedade em condições de plena igualdade», explicou o presidente da ACAPO, Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal. Na educação, formação profissional, acesso ao mercado de trabalho, acessibilidades, acesso à cultura, informação e desporto permanecem muitos obstáculos que o deficiente visual tem de ultrapassar.Educação das crianças«Em primeiro lugar, é importante que as próprias crianças e famílias assumam as suas limitações sem preconceitos, de uma forma realista», considera Carlos Lopes. É importante que definam métodos de estudo e aprendizagem de ferramentas que capacitem as crianças e lhes permitam ter acesso a uma educação de qualidade. «Muitas famílias têm ainda alguma rejeição ao facto de assumirem que os seus próprios filhos têm uma deficiência visual e que a mesma é real e tem que ser encarada e ultrapassada». Retardam a adopção de ferramentas fundamentais como o uso da bengala e o ensino do braille, sistema de leitura táctil, o que acaba por prejudicar o desenvolvimento das crianças.«Há ainda muitos professores e educadores que estão a trabalhar com crianças com deficiências que não têm formação em braille e não têm formação sobre como trabalhar com uma criança cega. Temos que trabalhar muito a esse nível», explica o responsável. É necessário investir no apetrechamento de instituições de ensino. Várias escolas de «referência» não são mais do que «escolas mais bem preparadas para receber alunos com deficiência visual». Muitas não contam com máquinas de braille, nem professores devidamente formados.Acesso ao mercado de trabalho«Há três vezes mais pessoas desempregadas [entre os deficientes visuais] do que na população em geral», revela. As próprias agências de emprego recusam-se a recrutar cegos e amblíopes por este ser um critério previamente colocado pelos seus clientes. «Ainda hoje se olha para a pessoa com deficiência visual muito pela limitação que tem e não tanto pelas capacidades que com certeza também tem», constata o presidente da ACAPO. Contudo, «há inúmeras funções em que a limitação não tem qualquer impacto». Por exemplo, a área do ensino, psicologia, direito, fisioterapia e telecomunicações. Houve um «despertar» entre a população com estas limitações: aventuraram-se em áreas que há duas décadas estavam fechadas aos deficientes visuais.
Ainda não estão garantidas as condições que permitam às pessoas cegas e amblíopes de «participar em sociedade em condições de plena igualdade», explicou o presidente da ACAPO, Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal. Na educação, formação profissional, acesso ao mercado de trabalho, acessibilidades, acesso à cultura, informação e desporto permanecem muitos obstáculos que o deficiente visual tem de ultrapassar.Educação das crianças«Em primeiro lugar, é importante que as próprias crianças e famílias assumam as suas limitações sem preconceitos, de uma forma realista», considera Carlos Lopes. É importante que definam métodos de estudo e aprendizagem de ferramentas que capacitem as crianças e lhes permitam ter acesso a uma educação de qualidade. «Muitas famílias têm ainda alguma rejeição ao facto de assumirem que os seus próprios filhos têm uma deficiência visual e que a mesma é real e tem que ser encarada e ultrapassada». Retardam a adopção de ferramentas fundamentais como o uso da bengala e o ensino do braille, sistema de leitura táctil, o que acaba por prejudicar o desenvolvimento das crianças.«Há ainda muitos professores e educadores que estão a trabalhar com crianças com deficiências que não têm formação em braille e não têm formação sobre como trabalhar com uma criança cega. Temos que trabalhar muito a esse nível», explica o responsável. É necessário investir no apetrechamento de instituições de ensino. Várias escolas de «referência» não são mais do que «escolas mais bem preparadas para receber alunos com deficiência visual». Muitas não contam com máquinas de braille, nem professores devidamente formados.Acesso ao mercado de trabalho«Há três vezes mais pessoas desempregadas [entre os deficientes visuais] do que na população em geral», revela. As próprias agências de emprego recusam-se a recrutar cegos e amblíopes por este ser um critério previamente colocado pelos seus clientes. «Ainda hoje se olha para a pessoa com deficiência visual muito pela limitação que tem e não tanto pelas capacidades que com certeza também tem», constata o presidente da ACAPO. Contudo, «há inúmeras funções em que a limitação não tem qualquer impacto». Por exemplo, a área do ensino, psicologia, direito, fisioterapia e telecomunicações. Houve um «despertar» entre a população com estas limitações: aventuraram-se em áreas que há duas décadas estavam fechadas aos deficientes visuais.
ACAPO e AAC mostraram que “ajudar um cego é fácil”
Campanha nas ruas da cidade expôs as dificuldades que os invisuais enfrentam diariamente na via pública e sensibilizou os cidadãos para a importância de serem solidários.
O Dia Mundial da Bengala Branca foi ontem assinalado em Coimbra, através de uma iniciativa conjunta da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) e da Associação Académica de Coimbra (AAC), que procurou sensibilizar a população para a forma correcta de ajudar um cego na via pública.
«Ajudar um cego é fácil. Basta perguntar se precisa de ajuda, para onde vai, o que quer fazer e dar-lhe o braço, mais nada. Infelizmente a população tem um certo medo de abordar um cego, as pessoas param ou afastam-se. E quando tentam ser simpáticas, são de tal maneira que atrapalham em vez de ajudar, quase que forçam os cegos na sua boa vontade», explicou ao Diário de Coimbra José Carlos, professor na ACAPO.
Os transeuntes foram desafiados a vendar os olhos e a realizar pequenas tarefas, como pedir um copo de água num café, comprar qualquer coisa numa loja, sentar-se num banco de jardim ou atravessar a estrada tendo em conta o sinal sonoro.«Muita gente pensa que, por se ser cego, é impossível fazer muita coisa. Queremos mostrar o contrário. Eles conseguem fazer uma vida normalíssima, como qualquer pessoa», defendeu José Carlos.
Autocarros que circulam em espaços também destinados aos peões (como na Baixa), passeios que não são rebaixados, carros mal estacionados e escadas irregulares são alguns dos principais obstáculos para os invisuais.
A iniciativa, que incluiu a distribuição de flyers informativos, aconteceu durante a tarde, em locais como a Praça 8 de Maio, a Estação Nova e o centro comercial Dolce Vita.
Segundo a coordenadora geral do pelouro de Intervenção Cívica e Ambiente da Direcção Geral da AAC, Patrícia Damas, «as pessoas ficaram sensibilizadas». «No entanto a adesão foi maior por parte dos adolescentes do que dos adultos e dos cidadãos mais velhos», concluiu a estudante.
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