À medida que a pandemia do coronavírus alastra, vários países viram as suas escolas a serem encerradas por tempo indeterminado. A UNESCO estima que cerca de metade de todos os estudantes do mundo, dos vários níveis de ensino, estejam a ser afetados por esta paragem.
Não existem estudos sobre o impacto nas aprendizagens e competências dos alunos de uma interrupção escolar devido a pandemia — é algo completamente novo. Mas existem estudos sobre o impacto das férias escolares, de cerca de três meses, e são unânimes em assumir uma perda nas capacidades leitoras, nas competências matemáticas e nas funções da escrita.
As escolas parecem estar a adaptar-se à conjuntura e à imprevisibilidade das próximas semanas, adotando novas modalidades de ensino à distância com bastante empenho e dedicação. Por outro lado, algumas famílias mostram-se sobrecarregadas ao tentar manter o ritmo, ora porque não têm recursos (computador, impressora, Internet disponível para alguns ou todos os membros do agregado familiar), ora porque não têm tempo (a repartir entre o trabalho doméstico, o ensino dos filhos e o seu próprio trabalho), ora porque não dominam as matérias e as estratégias de ensino necessárias.
Sobre o efeito da interrupção letiva na educação, colocam-se desde logo duas questões: 1) a desigualdade no acesso a recursos digitais de famílias de diferentes classes económicas; e 2) a desvantagem pessoal, escolar e funcional que se pode acentuar no caso das crianças com perturbações da aprendizagem. As desvantagens da interrupção das atividades letivas são claramente desproporcionais para alunos provenientes de meios desfavorecidos, assim como para alunos com dificuldades académicas.
Vejamos o caso dos alunos com dislexia, que em situação normal já partem em situação de desvantagem. A dislexia é uma perturbação específica da aprendizagem, de base linguística e que se manifesta ao longo da vida. Tem na sua origem um défice fonológico que se reflete em dificuldades de descodificação, fluência leitora e escrita. Os alunos com dislexia revelam menos autonomia, demoram mais tempo a completar trabalhos devido à baixa fluência leitora e mobilizam um esforço muito superior ao dos seus pares para levar a cabo tarefas escolares. Para além de o ensino à distância limitar bastante a supervisão e o apoio diferenciado que o professor pode prestar, estes alunos ficaram ainda na maior parte dos casos privados das terapias e apoios pedagógicos que tinham, agravando as suas dificuldades.
Na convicção de que os tempos atuais impõem um desafio acrescido às crianças com perturbações da aprendizagem e suas famílias, aqui ficam algumas propostas para minimizar o retrocesso nas aprendizagens:
Aos pais:
Crie um caderno da quarentena. Aproveite um caderno ou dossier que tenha em casa deixe que a criança o decore a seu gosto e comecem a registar os trabalho feito: fichas, leitura, produção escrita, desenhos, etc. Este documento poderá ser um registo útil para os professores, além de ser um registo pessoal histórico;
Mantenha as expectativas altas com objetivos razoáveis, claro. A dislexia não define o seu filho e ele tem uma capacidade para se adaptar que o pode surpreender;
Aceite dias-não. Dias-não são dias em que nada parece resultar e em que a leitura, por exemplo, que já costuma ser hesitante, se apresenta extremamente difícil. Seja paciente, positivo e recorde ao seu filho que amanhã voltarão a tentar. Esta inconsistência é comum na dislexia;
Comunique e peça ajuda. Contacte sempre que possível os professores e outros técnicos que habitualmente acompanham o seu filho. Peça estratégias, material e ideias para dar seguimento aos objetivos individuais em curso;
Leia com o seu filho diariamente. Este ponto pode ser difícil, mas está provado que é uma das medidas com maior efeito. Pode ler de tudo um pouco: revistas, banda desenhada, enciclopédias ilustradas, livros pequenos e grandes. O importante é manter a rotina de leitura e já agora dê você mesmo o exemplo, lendo;
Aproveitem o Dia Internacional do Livro Infantil (2 de Abril) e procurem um recurso diferente: audiolivros, ebooks ou até a leitura de uma história por algum autor no YouTube. Estes materiais são acessíveis para as crianças com dislexia e promovem a literacia e a linguagem em geral.
Aos professores:
Recorra aos colegas, à equipa multidisciplinar de apoio à educação inclusiva do professor de apoio e criem atividades adaptadas que permitam a prática diária e a continuação da promoção dos vossos objetivos;
Consultem os pais para saber se é preciso ajustar o trabalho fornecido. Às vezes, mais não é melhor;
Acreditem que o vosso trabalho mais do que nunca é fundamental e pode fazer a diferença, inspirem-se, motivem-se e motivem os outros. E, já agora, obrigada.
A todos, confiem que o tempo em família e as interações que se mantêm são promotoras do desenvolvimento da linguagem e por isso têm um efeito benéfico nas aprendizagens.
Fonte: Público
Ultimamente, só ouvimos falar do coronavírus. É por causa dele que a tua escola fechou, tu estás em casa e, provavelmente, algum dos teus pais também está a trabalhar por aí. Estás em casa mas não estás sem trabalho, e tens de criar novas rotinas e novas regras. Eis as nossas sugestões:
- Arruma e arranja o teu quarto de forma a poderes trabalhar calmamente, sem te distraíres (vê as nossas ideias aqui).
- Se até agora tinhas um horário com as aulas na escola, agora devias fazer um horário novo (tens um aqui, que podes imprimir), marcando o tempo de estudo, o das atividades extra-curriculares e o tempo de brincadeira.
- Tenta ao máximo manteres todas as atividades que tinhas antes (mas sem saíres de casa, claro!). Se fazias desporto, procura na internet exercícios que possas fazer no teu quarto ou sala, para manteres a tua boa forma física. Andas na música? ‘Bora lá treinar todos os dias um bocadinho, caso contrário, quando voltares às aulas, não acertas uma nota! Praticas natação?… Não, espera, em casa não dá para treinar! Só se for cantar no duche. Praticas atletismo? Sobe e desce as escadas do teu prédio duas vezes por dia, para não perderes o ritmo! Anota tudo no horário, preenche o teu dia!
- Pergunta aos teus pais em que horário vão estar a trabalhar. Durante esse tempo, se eles estiverem em teletrabalho, não os interrompas, a não ser que seja mesmo preciso. Eles vão precisar de estar concentrados.
- Cada um de vocês pode ter um cartão-semáforo, com verde de uma lado e vermelho do outro. Quando podem falar, colocam o lado verde para cima; quando não querem ser interrompidos de maneira nenhuma, põem o vermelho à vista. Podem usar a mesma ideia para pendurar na porta do quarto.
- Se for possível, tu deves ficar a estudar numa divisão da casa e os teus pais noutra. Se não for possível, combina com eles as regras de funcionamento do vosso escritório. Faz um cartaz com o que acordaram e coloca-o na parede!
- Da mesma forma que na escola não podes ter o telemóvel ligado quando estás nas aulas, em casa deves seguir a mesma regra.
- Faz intervalos no estudo, como farias se estivesses na escola
- Combina com os teus amigos uma altura do dia para falares com eles, através das redes sociais ou da Internet. Já pensaste nas mil e uma coisas que podem fazer? Por exemplo, podem combinar fazer uma festa de dança, cada um dançando em sua casa, a verem-se uns aos outros! Marcar a «hora do lanche», como se estivessem num intervalo da escola, para porem a conversa em dia: uma dentada no pão, uma piada…
- Pede aos teus pais para arranjarem uma altura do dia para fazerem uma atividade contigo. Todos os dias, aqui na VISÃO Júnior, vamos dar-te ideias novas para que possam fazer juntos.
- E não te esqueças de telefonar aos teus avós e aos tios-avós, a saber se estão bem!
Fonte: visão júnior