terça-feira, 12 de julho de 2011

Geologia na ponta dos dedos - "Ciência viva" para pessoas com deficiência visual

Uma vez mais o "Ciência Viva no Verão" inclui na sua programação uma acção destinada a público com deficiência visual.Reproduzimos abaixo os principais parâmetros do evento, retirados do sítio internet do Programa.
Geologia na ponta dos dedos: as rochas(Centro de Geologia da Universidade de Lisboa)
Data: 22-07-2011 15:00:00Inscrição Obrigatória - Inscrições abertas a partir das 12h de dia 9.Julho.2011
Descrição: O conhecimento das rochas está muito para lá da sua descrição e da sua classificação. Cada rocha revela o funcionamento e a História do nosso planeta. As rochas registam histórias vividas tanto a grande profundidade como à superfície do planeta, que se ligam e se completam num longo ciclo de muitos milhões de anos. O conteúdo desta acção foi cuidadosamente adaptado a invisuais.
Ponto de encontro: No átrio do edifício C6 da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Campo Grande), junto ao globo terrestre.
Como chegar: Campus Universitário da Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências no Campo Grande, Edifício C6, mais próximo do Hipódromo e da Torre do Tombo
Idade mínima: 16 anos
Localidade: Lisboa / LISBOA / LISBOA
Itinerário: Laboratório do Departamento de Geologia (Campo Grande)
Duração: 2 h
Responsável pela acção: Mário Cachão
Nota: A actividade é coordenada pelo Prof. Francisco Fatela.
Acção exclusivamente dedicada a cegos e amblíopes.

Um futuro sem visão

No dia 9 de Julho, o sul do Sudão vai-se separar do norte e tornar-se um novo país no mundo. Depois de décadas de uma guerra civil sangrenta, que causou dois milhões de mortos, os sulistas preparam-se para uma vida num país independente. Um país que alguns não poderão ver.
A estrada para a cabana da família Kometi é esburacada e cheia de mato alto de ambos os lados. Especialmente na estação das chuvas o ajuntamento é de difícil acesso, localizado a seis quilómetros da estrada principal. Contam os mitos urbanos que grupos de ajuda humanitária já ficaram atolados na lama e tiveram de passar a noite no carro, enquanto as hienas esperavam no mato. Ainda assim, esse motivo não impede que o terapeuta ocupacional Andrew Maina faça esse caminho, pelo menos, duas vezes por semana. Ele tem uma boa razão. E iria sempre - nem que tivesse que fazer a caminhada a pé.
A razão torna-se clara assim que Maina entra no aglomerado desértico. Caminha até a uma das cabanas enlamaçadas e ajoelha-se. A sua voz tem um tom baixo e gentil quando fala. "Razigi, está aí?" Depois de alguns segundos, um rapaz tímido de 13 anos aparece na porta feita de barro. Veste uma T-shirt simples e amarela que está rasgada de um lado, e uns calções já rotos. Os pés descalços estão cobertos da areia vermelha. Assim que aparece lentamente, passa uma das mãos pela palha da cabana. A outra mão segura num bambu grosso. Os seus olhos parecem vidrados e sem vida. Razigi Kometi é cego.
Maina segura-o pela mão e leva-o para a área de refeição coberta dentro da cabana. Sentam-se num banquinho ao lado do fogão de lenha. Andrew coloca uma caneta numa mesinha feita de bambu e pergunta se Razigi consegue encontrar o objeto. O rapaz coloca as palmas das suas mãos na mesa e procura o objeto até que sua pele toca a caneta. Apanha o objeto e segura com as duas mãos. É a primeira vez nessa visita, que Razigi fala: "Caneta". Maina responde com palavras encorajadoras e coloca na mesa o outro objeto.
É um simples exercício como este, o terapeuta explica mais tarde, que será valioso para o futuro de Razigi. "Estamos apenas no começo do treino. Ele precisa de ter o conhecimento básico para se proteger de acidentes. Estamos a ensinar métodos de como usar o dorso da mão para procurar objetos antes de os apanhar, para que não corte os dedos. Segurança é nossa prioridade, mas o nosso trabalho maior é tentar dar-lhe a sua confiança de volta."
Durante a infância de Razigi, muitos eventos contribuíram para a sua insegurança. Cresceu numa vila pequena de Lui, numa das áreas mais pobres do sul do Sudão massacrada pela guerra. A sua infância foi marcada por conflitos entre o norte, predominantemente muçulmano, e o catolicismo e as religiões tribais, que dominavam o sul, quando os soldados do governo e os rebeldes do Exército Popular de Libertação do Sudão (SPLA) se enfrentaram numa das mais longas guerras civis da África. Um acordo de paz foi assinado em 2005, quando Razigi tinha sete anos de idade. A sua mãe, Mary, achou que o fim da guerra traria uma nova vida para ela e para os seus oito filhos, mas o desastre aconteceu novamente.
Embora o rio Nilo esteja longe da vila, a família Kometi sabia dos seus perigos. Beber a água poderia tornar uma pessoa doente e o afogamento era um risco real para os que viviam perto do rio. E também existiam os parasitas que se multiplicavam no Nilo, sendo um dos mais ameaçadores uma filária responsável por uma doença chamada oncocercose, ou cegueira dos rios. Mais de 37 milhões de pessoas estão infetadas e 99 por cento dos casos encontram-se nas comunidades pobres e rurais africanas. A doença causa lesões dermatológicas e secreções oculares que podem levar à cegueira. Razigi e sua mãe desenvolveram a doença. Se for detetada e tratada a tempo, a cegueira pode ser evitada mas o centro médico da área estava sem medicamentos. Quando os colegas de Maina que fazem parte da SEM, organização que lida com deficiências do sul do Sudão, entraram em contato com a família Kometi, já Razigi e Mary tinham perdido a vista.
3,2 por cento da população do sul do Sudão é cega
Essas são as heranças escondidas da guerra civil, diz Maina. "Quando as pessoas pensam na guerra civil, geralmente imaginam ferimentos por tiros ou deficiências provocadas pelas minas. Não pensam em todas as doenças ou mortes que poderiam ser evitadas se o tratamento certo estivesse disponível. A guerra parou quase todo o desenvolvimento aqui. Muitas das deficiências dos nossos doentes estão diretamente relacionadas com a falta completa de medicamentos durante e depois da guerra."
Estima-se que 3,2 por cento da população do sul do Sudão seja cega - um valor excecionalmente alto até para a África. Muitos casos estão relacionados com infeções de parasitas, que geralmente podem ser prevenidas. No caso de Razigi e muitas outras famílias nos Estados da Equatória Oeste e Central, era quase impossível não ter contacto com a filária. Maina explica: "Durante a guerra, disseram-lhes que eles deveriam ficar perto da água para sobreviverem. Eles comeram os peixes e beberam a água. Mas foi o mesmo rio que os tornou cegos."
Por ter crescido na guerra e na pobreza extrema, Razigi nunca teve uma vida livre, mas perder sua visão fê-lo sofrer de tal modo que os trabalhadores da ajuda humanitária consideraram um nível ‘preocupante'. Quando a equipa da SEM começou a trabalhar com ele, Razigi geralmente recusava-se a sair da sua cabana. Tentativas de o ensinar a usar uma bengala enfureciam-no a ponto de a deitar fora. As coisas começaram a ficar ainda mais difíceis quando todos os parentes mais jovens de Razigi começaram a ir para a escola. De repente, ele estava sozinho no aglomerado, com ninguém para brincar ou nada para fazer.
Com o apoio do Departamento de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID) e da Ajuda Humanitária Internacional Católica Escocesa (SCIAF), a SEM está a ajudar 6.500 pessoas nas áreas rurais em três regiões. Além das dificuldades logísticas, a equipa também sofre pressão para apoiar pessoas com todos os tipos de deficiência. A falta de apoio adequado do governo significa que a SEM - como uma das poucas organizações do campo - tem de apoiar pacientes com uma grande variedade de deficiências visuais ou físicas.
Geralmente é uma questão de aprendizagem do trabalho, já que cada caso é diferente. Um fator que complica a situação no Sudão é o trauma causado pela guerra em muitas pessoas, diz Maina. No Quénia, o seu país de origem e o lugar onde recebe treino, as crianças em particular são convenciadas a comportarem-se ‘de acordo com as regras'; de uma forma espontânea, infantil. No estado da Equatória Oeste, os seus pacientes jovens geralmente sofrem de ansiedade, medo de barulho e movimentos inesperados e alto nível de stress. Tudo isso fez de Maina uma pessoa ainda mais determinada para fazer o seu trabalho.
Na cabana da família Kometi, os esforços e incontáveis horas de treino da equipa da SEM, começaram a surtir efeito. Quando Maina pergunta a Razigi o que é que ele tem feito desde a sua última visita, o rapaz responde timidamente: "Lavei as minhas roupas na noite passada." "Isso é muito, muito bom", responde Maina, com um sorriso enorme. E diz para o seu colega de trabalho, quando Razigi volta para dentro da cabana: "Isso é um marco."
Treino de orientação e mobilidade são essenciais para o desenvolvimento de uma pessoa cega e o apoio da família nesse processo é crucial. Maina e o seu colega de trabalho querem trabalhar mais com a mãe de Razigi, ensinando-a a apoiar seu filho e a si mesma. Entretanto, a falta de recursos faz com que a atenção deles se volte para o rapaz. Uma tia que vive com a família ajuda-os quando os terapeutas não estão presentes.
Um país a começar do zero
Com a independência finalmente à porta, muitos sudaneses do Sul sentem-se esperançosos com a nova nação. Embora ainda exista a disputa para se conseguir terra e petróleo nas fronteiras, o presidente do sul do Sudão, Salva Kiir, está determinado a evitar qualquer ação que coloque em risco a independência tão esperada. O seu partido, SPLM (braço político do SPLA), prometeu um desenvolvimento democrático, mas os desafios são enormes. Um estudo feito pelo Banco Mundial em 2010 afirma que 85 por cento dos cidadãos do sul do Sudão vivem abaixo da linha de pobreza, o que compara com 46 por cento no norte. A esperança de vida é de 58,5 anos, mas a distribuição injusta de capital e a falta de consistência no desenvolvimento no sul significa que a situação real da nova nação é até mais sombria.
Será um caminho longo até que o apoio adequado do governo comece a aparecer, considerando que o país terá que começar do zero em todos os sentidos. As instituições de caridade e igrejas, no entretanto, dão passos pequenos para melhorar a vida de alguns numa das nações mais vulneráveis. Com um pouco de sorte, a escola em Lui talvez consiga ensinar o braille básico a Razigi no próximo ano. Um professor já expressou interesse e a SEM está à procura de outras alternativas para conseguir encontrar fundos para o treino. Também esperam conseguir alguns brinquedos especiais como uma bola com um sino dentro. O futebol era o desporto favorito de Razigi.
Atrás das duas cabanas feitas de barro que formam o lugar onde a família Kometi vive, existe um caminho estreito. Tem apenas alguns metros, mas quando Razigi se tornou cego o caminho tornou-se interminável para ele. No fundo do caminho, vive um dos seus dois únicos amigos. Razigi conhecia esse caminho como a palma da mão, mas sem a capacidade de ver, tem medo de deixar a sua cabana. No fim de cada visita, Maina e Razigi percorrem o caminho juntos, indo cada vez mais longe. Razigi vai atrás, tocando no mato à direita e à esquerda com o seu graveto para que saiba que está no caminho certo. Conta os passos até ao número que contou da última vez. Nessa altura, Maina coloca a sua mão nos ombros de Razigi, encorajando-o a andar mais alguns passos antes de regressar. Esperam chegar ao fim do caminho dentro de alguns meses.
* Esta é a primeira de uma série de reportagens sobre a independência do sul do Sudão, que o Street News Service realizou e disponibiliza gratuitamente para vários órgãos de comunicação no mundo inteiro. Em Portugal, a RTP publicará em exclusivo estas reportagens. Para fazer uma doação ao trabalho da Cáritas no Sudão e no mundo inteiro, visite www.caritas.pt ou ligue 21 84 54 220.
http://tv2.rtp.pt/noticias/?t=Um-futuro-sem-visao.rtp&article=456123&visual=3&layout=10&tm=7

Cambridge School e a ACAPO cursos gratuitos

A Cambridge School e a ACAPO proporcionam-lhe a possibilidade de frequentar gratuitamente cursos intensivos de Inglês, nas escolas de Almada, Coimbra, Funchal, Lisboa e Porto.
Os cursos têm uma duração de 40 horas, e terão lugar de 3 a 31 de Agosto ou de 5 a 30 de Setembro, sendo repartidos por duas horas diárias, de segunda a sexta-feira.
O horário varia de acordo com o nível de conhecimentos do aluno e da escola onde as aulas são ministradas.
Serão aceites as primeiras seis candidaturas de associados efectivos, com quotas em dia, que tenham concluído comprovadamente o 12.º ano e que possuam autonomia na leitura e escrita em sala de aula.
Daremos ainda prioridade aos associados que não tenham participado em quaisquer cursos de línguas estrangeiras realizados anteriormente ao abrigo de protocolos estabelecidos com a ACAPO.
Os associados interessados deverão contactar Susana Venâncio, na Direcção Nacional da ACAPO, a partir das 10h00, do dia 11 de Julho, através do telefone 21 324 45 29.
Salientamos que não serão aceites inscrições feitas por outro meio que não o telefone. As inscrições estarão abertas até preenchimento total das vagas.
Relações Públicas da AcapoDirecção NacionalAv. D. Carlos I, n.º 126 9º andar1200-651 LisboaTm. 213 244 500Tef. 213 244 501rp.dn@acapo.pt www.acapo.pt

óculos biônicos


Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, desenvolveram um novo tipo de tecnologia que pode auxiliar na qualidade de vida de pessoas com deficiência visual. Uma espécie de “óculos biônicos” possuem inúmeros sensores e tecnologia de ponta para transmitir as imagens.A armação dos óculos possui câmeras nas extremidades e luzes são emitidas das “lentes”. Para transmitir as informações, sensores de profundidade e de posição, sistema de reconhecimento facial e de rastreamento são algumas das características destes óculos, explica o site Engadget.Além disso, todo o processamento das informações coletadas pelos sensores são processadas por um smartphone, que poderá ficar facilmente no bolso do usuário. O pesquisador chefe do projeto, Dr. Stephen Hicks, contou ao site PhysOrg que os óculos permitirão que os pacientes tenham uma vida mais independente, podendo ler cartazes e avisos (grandes), se locomover mais seguramente por salas ou pegar objetos com mais precisão.Mas o sistema não trará de volta a visão, é claro. Ele é destinado a pessoas que possuem pelo menos um pouco da capacidade visual e, com ele, estas pessoas poderão distinguir certos objetos, mas com pouco detalhe. As pessoas poderão, por exemplo, identificar sua mão se movendo a sua frente, mas não seus dedos.Hicks ainda afirma que mais possibilidades podem surgir, como por exemplo com o uso da tecnologia de reconhecimento de caracteres – a mesma utilizada pelo app Google Goggles – o sistema poderia ler as manchetes de jornais e transmitir as notícias aos usuários por meio de fones de ouvido.Os óculos são ainda um protótipo, mas os pesquisadores acreditam que um dia eles possam vir a custar em torno de £500, ou cerca de R$ 1250. O protótipo será apresentado em breve no Royal Society Summer Science Exhibition.